sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

E mais um Natal chegou. Mais uma noite regada a vinhos, risadas escandalosas, comida boa, família reunida à mesa, abraços cheios de saudade, histórias do ano que está chegando ao fim e muito amor para temperar tudo.
Desejo a vocês um Natal maravilhoso, perto ou longe daqueles que ocupam seus corações. Que nesta noite em que lembramos que Jesus veio para trazer a salvação ao mundo e nos resgatar para Deus, não nos falte paz e a convicção que o MELHOR está por vir.

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." - Isaías 9.6
Aleluia!


Bom Natal e que o próximo ano seja bom do início ao fim
Beijo bem grande
Kézia

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A decisão de mudar

Comecei mudando alguns hábitos. Deixei o refrigerante e a água com gás e bem depressa eu já conhecia mais sabores de suco e gostava de chá gelado. Depois foi a vez de cortar o açúcar do café. Com o tempo o amargo deixou de ser insuportável e ainda mostrou-se capaz de tornar o doce ainda mais doce.

Então cortei o Big Tasty e aí as coisas começaram a ficar difíceis. Aquele molho especial não é uma coisa que dê para se desvencilhar fácil assim. Tive algumas recaídas. E então me convenci que essas recaídas não eram sinal da minha fraqueza. Pelo contrário, é preciso ser forte para voltar atrás na decisão. Recaídas são perdoáveis e até necessárias. Seja para concluir que aquilo não me faz bem, seja para me deliciar matando a saudade.

Daí troquei as esporádicas caminhadas no parque pela firme decisão de ser atleta. E, de forma surpreendente, me vi viciada naquela dorzinha muscular. Descobri que o treino vai bem além do físico. O condicionamento é muito mais mental do que qualquer outra coisa. Como quando a mente começa a pedir para parar e você fica repetindo “só mais um pouquinho. Vamos lá, mocinha, você agüenta”. Ou quando os pensamentos de “odeio acordar cedo” são substituídos por um “como é bom poder começar o dia cuidando de mim”. Ou mesmo quando você começa a pegar leve na autocrítica, a cultivar pensamentos de paz ao seu respeito e dar a si as mesmas palavras de ânimo que dá aos outros. Ainda que os pensamentos não possam ser controlados, cabe a você decidir se eles serão ou não armazenados no coração.

E quando deixei que meu jeito controlador começasse a ir embora, meu apego à segurança fosse diminuindo e minha natureza acomodada desatasse seus nós, me peguei valorizando - e permitindo - os erros, perdoando verdades duras a meu respeito, aceitando cada mudança como uma oportunidade de recriar... então me encontrei - e fui encontrada - aqui, vivendo bem e sendo feliz intensamente.


Beijo grande

Kézia

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O assunto é: Beleza

Beleza é aquela coisa que as pessoas bonitas têm e usam para te agredir moralmente. Tá, exagero. Mas existem pessoas muito belas sim. Aquelas que andam e fazem nascer lírios pelo caminho. Sim! Estou falando de mim e de você! E no intuito de realçar a beleza muitas coisas acontecem. Em alguns casos, a ditadura da beleza (merchan do livro que nunca li) implica dor. Assim surge: Amada dor, um ensaio sobre a beleza por Kézia.

Indolor
Muitas coisas auxiliam a busca da beleza sem provocar dor. A maquiagem, por exemplo. Pode parecer enganação, mas não é. Você não precisa saber o que é curvex térmico, nem primer, nem bronzer. Mas penso que um pouco de maquiagem vale e muito. Não gosto de exagerar porque uma hora ou outra o mundo me encontrará de rosto lavado e não quero causar reações do tipo “mas, gente, o que aconteceu com você?”.

Parcialmente dolorido
Tratamentos estéticos. Sei que já existem muito mais opções que nossa memória consegue guardar. Drenagem linfática. Corrente russa. Carbono blábláblá. Carboxi tititi. Gesso. E lá se vai uma porrada de coisas. A grande vantagem é que pra muitos destes procedimentos, você fica lá, deitada, curtindo a brisa. (Nesta categoria incluo esportes, mas estes, queridos, são meus atuais mimos, então merecem ser assunto de um post especial sobre a trajetória para encontrar o MEU esporte).

Altamente dolorido
Cirurgia plástica. Se você tem coragem e dinheiro, sou super a favor. Não levo em consideração por alguns motivos: injeção, possibilidade de dor do pós-operatório e identidade. Esta última funciona mais ou menos assim: “ah não gosto do meu queixo, acho o da Bjork muito mais bonito e tal” e procuro um cirurgião para fazer a mudança. Na minha concepção, dali em diante, eu terei o queixo dela, não mais o meu.

Dor insuportável
Dieta. Acredito que é a pior dor em benefício da beleza. Porque, diferente dos outros meios, não se sabe quando tempo vai durar. E é batata, é começar uma dieta e começarão os convites envolvendo banquetes. Conspiração, gente! Muito cuidado.


Mas não adianta, passa o tempo, a tecnologia se aperfeiçoa, novos tratamentos estéticos são criados, as cirurgias ficam mais seguras, mas todos pecam pela complexidade. A eficácia está na simplicidade. O que nos deixa mais belas ainda é e sempre será o amor. O amor correspondido. O amor que chega de longe. O amor que fica perto. O amor-próprio. Sempre o amor. Como garante um provérbio “o coração alegre formoseia o rosto.” Meu espelho concorda comigo. E o seu?


Muita formosura para vocês
Beijo
Kézia

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ao som daquela música

E acontece assim, no meio da noite, antes da próxima rodada, de repente, enquanto todo mundo ri e eu presto atenção à música. É aquela sabe? Com o solo de gaita. Essa mesmo. E é como se eu voltasse pra aquela casa pequena que parece estar sempre de mudança, mas nunca fica desocupada de vez. No meio da sala ainda estão aquelas caixas de “Coisas que nunca aconteceram”. Engraçado como estas caixas são as maiores. Sempre abertas. Ainda remexidas da última vez que estive aqui. Sempre tão cheias de coisas. As conversas depois da segunda garrafa de vinho. A viagem para Barcelona. O feriado em Buenos Aires. A casa do sítio. O rio para pescar no final da tarde. O jardim de margaridas. O carro novo. A mudança de cidade. Olhando de perto eu percebo que não deveria ter voltado aqui. Por que de novo? Lobotomia? Como eu odeio este lugar! E mesmo assim eu volto. Mesmo sabendo que não cabe mais nada aqui. Nem a mim. Mas e se eu ficar só mais um pouquinho? Só até o final da música. Só até cansar de revirar as caixas. Até fechar a porta e esconder tudo de novo. E esperar a casa ficar vazia. E a plaquinha de Bem-Vindo ser pendurada na porta. Até novas caixas chegarem. E eu queira, enfim, abri-las. Pra então deixar o sol entrar pelas janelas outra vez.


Beijo grande e um vasinho de margaridas

Kézia

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Doces novidades

Olá pessoas queridas

Na última sexta-feira aconteceu o evento de premiação do Prêmio Voluntariado Transformador realizado pelo Centro de Ação Voluntária do Paraná.
Foram 53 finalistas concorrendo nas categorias de Educação, Esporte e Lazer, Saúde, Meio Ambiente, Cultura, Direitos Humanos e Cidadania, Geração de Renda e Voluntariado Jovem.
Bom, como muitos leram aqui , a Verônica estava concorrendo na categoria Saúde com outros 16 finalistas. Os trabalhos eram ótimos e lindos e valorosos e tal e parabéns a todos (coisa que fiz no final abraçando todos os voluntários que encontrei no caminho). Mas assim, regras são regras. Prêmio é prêmio. E alguém precisava vencer. O Voluntário Destaque deveria levar pra casa o seu troféu. E naquela noite, meus queridos, naquela noite foi ela. Siiiim! A Verônica e o Unidos ganharam na categoria Saúde e - como se isso não fosse emocionante o suficiente - ficaram em segundo lugar no Voto Popular. Luxo, poder e glória (expressão da própria Verônica)!
A todos que passam por aqui, meu muitíssimo obrigada por todas as ações de divulgação do grupo e um beijinho da emocionada e premiadíssima Verônica.

Beijo grande
Kézia

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pro dia nascer gentil

- Oi

- É a Kézia?

- Isso.

- E aí? Bonita como sempre?

Ah, esse meu porteiro é muito perceptivo!

Tudo bem que ele sempre finaliza se desculpando pela brincadeira. Mas como eu poderia me ofender quando às 7 da manhã, esbaforida, ouço um “bom dia, moça bonita!” ou quando saio nos fins de semana com um tênis surraaaado e ele diz balançando a cabeça “ah não tem jeito... vou sair casado desse prédio”?

Um estímulo feito com tanta gentileza contribui para eu começar o dia gargalhando e mais confiante na resposta:

- E aí, Kézia? Bonita como sempre?

- Sim, com TODA certeza.



E aí, queridos? Maravilhosos como sempre?

Beijo

Kézia

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Preciosa e a Fibrose Cística

O que dizer de uma garota que internada devido a uma grave pneumonia tem um sonho em que um grupo de pessoas conversa sobre o valor do ar que respiramos? O que dizer quando esta garota acorda, decide montar um grupo de ajuda mútua para pessoas com problemas respiratórios e o torna real? Uma única palavra se imprime nestes corações aqui: PRECIOSA.

Esta é a preciosa e sonhadora Verônica. Uma joiazinha linda, de sorriso fácil e que conquista a todos à primeira vista. Já à segunda, ela se torna sua amiga-companheira de risadas, de momentos tristes ou alegres. Ela tem 24 anos e desde criança tratava-se dos sintomas de asma. Já teve incontáveis pneumonias, inúmeras fraturas pela fragilidade dos ossos, pancreatite e sei lá mais o quê. Há pouco mais de um ano ela recebeu o diagnóstico positivo de Fibrose Cística e pode finalmente tratar-se corretamente.

A Fibrose Cística é uma doença causada por uma alteração genética que faz com que toda a secreção do organismo do paciente seja mais grossa, desencadeando graves alterações no sistema respiratório, digestivo e reprodutor. É grave, incurável, mas com o diagnóstico precoce e tratamento adequado permite que o portador tenha uma vida normal e produtiva. Porém, com o diagnóstico tardio, nossa preciosa sofre conseqüências que prejudicam sua qualidade de vida.

O desconhecimento da doença somado à lembrança do sonho que ela teve em uma de suas internações, fez surgir o Grupo Unidos pela Vida, que busca reforçar a importância do tratamento da doença, os cuidados com a saúde e a valorização da vida. Estruturado em um site informativo (http://www.unidospelavidafc.com/), o projeto já tem um ano de existência e auxilia muitas famílias, amigos e portadores de Fibrose Cística.

Bom, meus queridos, não sabemos quem lê este blog, mas pessoas muito queridas interagem conosco. Então temos um pedido muito carinhoso para você que nos lê: divulge o grupo! Uma coisa que Verônica nos ensina é que não importa o volume da nossa voz, mas em algum lugar ela terá eco e encontrará pouso em um coração que precisa. Caso você queira saber mais sobre a história dela e do grupo entre em contato pelo email unidospelavida.fc@gmail.com.

A nova conquista é que a Verônica e o Grupo Unidos pela Vida são finalistas do Prêmio Voluntariado Transformador 2010 do Centro de Ação Voluntária do Paraná, concorrendo como Destaque da Categoria de Saúde (em que apenas os jurados do prêmio podem votar) e também como Destaque do Voto Popular (em que qualquer um pode votar). Se você quiser votar, acesse o site do Prêmio http://www.voluntariadotransformador.org.br/votopopular.asp, digite seus dados, clique no meu nome “Verônica Del Gragnano Stasiak” no final da página e entre para a torcida. Cada pessoa pode votar só uma vez, mas nada impede que você divulgue entre seus amigos.

Querida, preciosa, amada e inspiradora Verônica, tentamos expressar neste texto o quanto sua iniciativa é importante. Sabemos que qualquer tentativa será frustrada comparada ao tamanho do seu coração. É uma honra poder de alguma forma ajudá-la a carregar sua bandeira voluntária tão linda. Você nos lembra bem Osvaldo Montenegro quando ele diz "Porque metade de mim é amor... e a outra também.” Lendo o site do Unidos encontramos esta sua declaração “Desejo uma inspiração de amor e uma expiração de tudo o que tiver de ruim aí dentro de você. E é assim que eu quero começar este novo capítulo, esta nova história, minha nova Vida. Renovando o que eu achei que já estava renovado. E quero renovar tudo a todo momento. Inspirar amor. Expirar tudo o que não faz bem.” Não imaginamos o quanto você se esforça todos os dias para que isto seja real, mas preciosidade, você é assim. Não há pensamentos relativos à você que não nos traga uma risada. Engraçada, risonha, sincera, companheira, agitada (elétrica é a palavra mais cabível), sonhadora, inteligente, questionadora e tão disposta a fazer o bem, a espalhar alegria e amor. Este é o seu maior legado.

A você, aos portadores de Fibrose, a todos os familiares e amigos que juntos enfrentam todas as dores como se fossem em seu próprio corpo, a todas estas Pessoas de Fibra (expressão que você criou e exprime a força que vocês possuem), desejo a vocês todo o amor do mundo e a confiança que não estão sozinhos. Deixo aqui a música, que na minha humilde opinião, representa o tão inspirador Grupo Unidos pela Vida.

Vero, “só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você. Só enquanto eu respirar”


Beijo grande

Kézia e Fer

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Lupita

Ah, Lupita....
Como não escrever iniciando com um suspiro, se é dela que vamos falar?

Lupita é uma bela morena de olhos amendoados e cheios de paixão. Nasceu na cidade de Morelia, e já moça mudou-se para Cidade do México.

Hiperativa, Lupita gosta de ser alguém multi afazeres: atleta, leitora, escritora, amiga, festeira, filha, muitas vezes psicóloga e até atriz. Tem um humor sarcástico e piadista e por muitas vezes se torna o centro de uma mesa ou roda de conversa. Com ela não há tempo ruim não. Mas apesar deste temperamento ácido e cheio de graça, Lupita é uma moça tímida, confiável, romântica e cheia de sonhos. De pensamento rápido, Lupita nunca dá uma resposta sem sentido e sem graça. Adora o mundo da teoria e suas devidas confabulações.

Quem conhece mais a fundo, sabe como ela é sentimental. Ela também tem consciência disso. Por isso, prefere se preservar à ter que viver um novo amor. Gosta muitas vezes de banalizar este sentimento, mas é tudo da boca pra fora. Mas a verdade é que por muito tempo Lupita espera (e merece) um grande amor.

Ela é grande amiga de
Miranda. Acho que não preciso comentar que as duas juntas, são como queijo e goiabada, apesar das grandes diferenças; Mas as duas se dão muito bem e é inevitável que sejam sempre vistas juntas e "se acabando de rir" de alguma coisa. Sim, Lupita é risonha. Esta é uma característica sua boa de se presenciar. Sua risada é boa de se ouvir e compartilhar.

Mas nem tudo é só sorrisos na vida de Lupita.
Não, isto aqui é vida mexicana real. Ela já sofreu sim. Por Javier.

Javier era um cavalheiro simpático que Lupita conheceu através de um correspondente de cartas (comum no México) e desde então, eles se correspondiam diariamente, um comentando sobre sua própria vida. Entre cartas recebidas e enviadas, surgiram alguns encontros e jantares. Foi daí que o moço simpático tornou-se misterioso o bastante para envolver Lupita num sentimento doloroso e pesado.

As cartas de Javier começaram a não ser mais recebidas diariamente (como de costume) e passaram a ser recebidas a cada dois, três dias. Houve uma pausa de mais de uma semana entre uma carta e outra. Em uma de suas últimas cartas, chegou a notícia que Javier mudaria-se para Guadalajara. Aquela notícia na carta chegou como uma bomba nas mãos de Lupita. Às lágrimas e muito consciente do que deveria fazer, ligou para a amiga Miranda e disse que era chegada a hora de enterrar Javier de seus pensamentos. Como dito, saíram juntas para celebrar a morte de Javier nos pensamentos de Lupita (celebrar a morte é comum no México).

Mas esquecer de uma hora pra outra?
Isso não existe.

Lupita sofreu dia após dia; Não renegou este sentimento em nenhum momento, muito pelo contrario - tornou-se aliada da dor e amargou até o dia em que percebeu que deveria dar a volta por cima.
Escreveu uma carta com poucas palavras, mas que para ela valia muito:

"Javier,


Espero que haya hecho la mejor elección de tu vida.
Le deseo buena suerte en Guadalajara.

Que se mantenga siempre con usted, toda conciencia de sus logros.
Hasta que un día,


Lupita."

Tradução: Javier, espero que tenhas feito a melhor escolha da tua vida. Desejo-te boa sorte em Guadalajara. Que tenha sempre contigo a consciência de todos os teus feitos. Até um dia, Lupita.

Enviou a carta prontamente, e em seguida queimou todas as correspondências trocadas com Javier. Junto com aquelas cartas, ela fez questão de queimar todas as lembranças e vestígios daquele rapaz, que tão misteriosamente envolvente, machucou o puro e nobre coração de Lupita.


Um único sentimento lhe restara: Gratidão. Por ter aberto seus olhos para vida. Sim, ela peregrinara a tempos esse sentimento de luto. Não estava feliz, lógico. Mas sua mente estava serena e coração tranquilo.

Mas recomeçar era preciso.

Recolheu as cinzas das cartas, jogou-as no lixo; Foi prontamente ao telefone e marcou hora no salão de beleza. Deu aos longos cabelos um corte leve, moderno e bonito. Começou a refazer alguns contatos, começou a reencontrar os amigos, sair a noite, conhecer pessoas novas, ter o que fazer. Vida que seguia.
E o meses passaram.

Claro que no íntimo Lupita continuava com as marcas daquele sentimento fulminante, mas era preciso saber lidar com aquilo. O apoio dos amigos não lhe faltou. Nesses reencontros que a vida traz, entre eles lhe surgiu um antigo afeto, um novo afeto... boas histórias, mas apenas histórias. Contaremos aqui, as mais belas histórias que acometem a nossa radiante Lupita.

A que será contada vale a pena ser lida.

Lupita e El Bravo

Em uma dessas noites, junto com Miranda e outros colegas, ela ouviu falar sobre Juán, el bravo através de uma amiga em comum. Pelo que essa amiga contava, ele mais parecia um cavaleiro errante viajando em terrenos desconhecido em busca de novas aventuras. Aquilo de certo modo a impressionou um pouco (para Lupita, tudo tem que ter um toque de magia, de encantamento e Juán trazia esta sensação) e ela gostou muito de saber de algumas histórias de Juán, o bravo, que na verdade era toureiro e vivia a vida em busca de grandes emoções.

O tempo passava continuamente e Lupita parecia interessada em saber um pouco mais sobre Juán. Viu algumas fotos e mais algumas histórias, conheceu gente que conhecia ele. O grande ponto em comum entre eles, era a dor de ter gostado de alguém que não valia a pena - sim, Juán também andava sofrendo. Isto era acaso ou destino?

O tempo passou e Lupita sossegou o coração ao que se referia sobre Juán. Uma data tradicional no México se aproximava (Dia de Guadalupe), onde muitos festejos acontecem nesta época. Lupita e seus amigos estavam em uma dessas festividades com muita dança, bebidas e comidas.

Era um ambiente iluminado, com luzes de todas as cores e formatos, cheio de gente feliz e disposta a comemorar aquela data. Lupita voltou-se para o céu, lindo e estrelado que só embelezavam mais ainda aquela noite encantada. Suspirou por não ter um amor ali ao seu lado. Seu olhar foi se voltando para as luzinhas coloridas, depois para as pessoas em sua volta até que começou a olhar ao seu redor. Quando virou-se para trás....
(...)

Claro que havia muita gente. Claro que o fato de ter olhado para trás fora mero acaso, mas ela viu. Viu nítidamente, mas de uma maneira tão clara que ela até sentiu que um caminho livre fora criado entre eles.

Era um moreno. Alto, olhar penetrante e sorriso largo, de porte elegante e ameaçador. Um típico toureiro - devidamente vestido, inclusive. Não restavam dúvidas. Era ele, Juán,
El bravo.

Num movimento involuntário Lupita virou-se de costas para ele e pôs as mãos no coração, numa tentativa de controlá-lo e manter-se impassível. Miranda, que estava ao seu lado segurando a inseparável taça borbulhante, perguntou-lhe de imediato:


- ¿ Que pasa, Lupi?
- Mira detrás de nós, Mi.
- O que há detrás de nós?
- Juan, El Bravo.

Miranda virou-se e o avistou. Sim, era ele, não restava dúvidas. Conhecendo a amiga que tem, não hesitou em dizer-lhe o que estava se passando. Juán estava olhando para Lupita.

- Ele está en tua Mira, Lupi. Por que razón tu no miras también?

Miranda voltou-se para os amigos mas não deixava de olhar para a amiga Lupita. Sim, ele havia olhado para Lupita. Nada mais nada menos do que Juan El Bravo, o toureiro mais "guapo" de toda a cidade do México.

Lupita estava tão atônita com a situação que não havia se refeito ainda. Miranda ofereceu-lhe uma bebida borbulhante e gelada, prometendo trazer coragem depois do primeiro gole.

Lupita aceitou a bebida e ficou comentou com Miranda quão "guapo" era aquele Hombre. Sim, como numa flechada ela se sentia encantada com ele. Juan, El Bravo. Aquele apelido lhe caía perfeitamente.

Miranda ouve tudo o que ela diz. Depois pede apenas para que tome a bebida. Lupita toma e sim - aquilo lhe traz uma coragem incomum. Uma coragem que a faz virar-se para olhar mais uma vez para Juán.

Javier, quem era Javier, neste épico momento?

Lupita ao virar-se, encontra únicamente os olhos penetrantes de Juán. Aquele moreno de sorrisos largos e vestido de toureiro. Ele está com a lança de toureiro na mão direita e com seu chapéu na esquerda. O olhar deles se encontraram e Lupita o encarou, respirando fundo. Ele manuseou o chapéu, como se a cumprimentasse. Não se ouvia mais a música, nem se sentia toda a turbulência dos movimentos das pessoas em volta. Nada mais existia a não ser Juán e Lupita.

Naquele momento tudo paralisou.
Assim como esta história.



Fernanda.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Essa Curitiba...

Eu não sou curitibana. Cresci no nortão do Paraná, em Santo Antônio da Platina, cidade que eu amo demais mesmo andando por ruas desertas ouvindo música sertaneja, esquentas no posto de gasolina e frequentando a Ice desde os 13 anos.

Cheguei em Curitiba em 2003 e peguei amor por este lugar. Para mim, a cidade possui um poder de persuasão impressionante. Mesmo um (coloquem aqui o nome de um povo muito sociável), depois de 2 meses em Curitiba, não faz uma visita sem ligar antes e avisar. E curitibanos podem ser identificados em qualquer lugar do mundo. Verdade. Se você estiver na Suíça e encontrar um cidadão segurando a embalagem de chocolate até encontrar uma lixeira, pode ter certeza: é curitibano.

Curitibano sabe que é coerente sair de casa levando um casaco mesmo em dias de sol de rachar mamona. Que nunca, em hipótese alguma, deve-se deixar o guarda-chuva em casa. Que nem assalto, nem a poluição do rio Belém, nem o engarrafamento da Avenida Batel num sábado a noite, nada, exatamente nada é tão apavorante quanto a aranha-marrom.

Uma cidade em que o inverno dura mais ou menos até novembro e que a chuva sempre cai na hora de sair do trabalho. Em que as pessoas falam sinaleiro, vina e penal. Onde as gurias não falam com estranhos. Os piás do underground vão ao Largo e ficam cozidos com tubão. A cidade do ligeirinho, dos táxis laranjados, da Jardineira, da feirinha do Largo, do Atletiba, do Barigüi, do leitE quentE, de classificar todo imigrante loiro como polaco, de usar o subjuntivo e de não dar a vez no trânsito. A cidade de caminhar no parque aos domingos, do chineque, de ficar de cara com as 4 estações no mesmo dia. Cidade que você chega e não querer ir embora. Aooo lugar bom (não contém ironia).

EscutE, tem como não amar esta cidade?

Ahhh essa Curitiba!


Beijo grande

Kézia – uma platinense apaixonada por Curitiba

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

BOPE – A história de um tenente

Carta do Tenente Fábio à correspondente Kézia

Após ler a sua última coluna, percebi que nem tudo ficou claro. Eu sou tenente Fábio. Tudo na vida tem um começo e o meu foi assim:

Comecei no batalhão convencional como aspirante. Lembro do meu primeiro dia de trabalho. Porra, aquilo me impressionou pra caralho. Eu acreditei naquela conversa mole de sempre. Depois de tanto tempo corrompido, eu acreditava em qualquer coisa. Queria ação. Invadir morro. Carregar corpo. Eu era pegador de coração. Mas agia antes de pensar. Sem estratégia a missão não tem sentido. E eu aprendi isso da pior forma possível: no meio do tiroteio.

A primeira operação foi invadir o morro da Awake. Quem é que não gosta de se dar bem com mulher bonita e bem intencionada na balada? Só que os pegadores convencionais não são treinados pra guerra. Pegador tem enrosco. Tem medo de perder. Não sabe abordar. E o pior, não sabe administrar. Ninguém quer morrer à toa. E quando um convencional sobe o morro, geralmente dá merda. Eu tava cercado. É na hora da morte que a gente entende a vida. Foi ali que a minha história cruzou com a do BOPE. A tropa de elite dos pegadores. O Capitão Lopes era ligeiro. Com um tiro de fuzil já passou uma raposa. Chegou intimando meu pelotão: “Alguns dos senhores está ferido? Algum dos senhores está baleado? Então hoje os senhores vão aprender a carregar corpos.” Cara, eu tive certeza: o meu lugar não era no batalhão comum. Eu precisava daquela farda preta.

Eu decidi entrar pro BOPE porque eu gostava de guerra. O que eu não sabia era que perto do BOPE os convencionais eram umas moças.

O treinamento era coisa de louco. “Os senhores chegaram até aqui pelas suas próprias pernas, ninguém, absolutamente ninguém os convidou e nenhum dos senhores é bem vindo aqui. Preparem as suas almas, porque os seus corpos já nos pertencem, eu declaro aberto o primeiro curso de formação do Batalhão de Operações dos Pegadores Especiais. Caveiras, avançar.” Aquilo era uma seita.

A primeira fase do curso é só porrada. O objetivo é eliminar os fracos, principalmente os corruptos. Prova disso é o Galeb. O cara tava acostumado com moleza. Vagabundo. Vivia na rebarba dos outros soldados.

Capitão Lopes (à direita) e Galeb durante o curso de formação.

O cara não aguentou a pressão.

No final do curso ficaram 4 e eu era um deles. A máquina de guerra que a gente formou mudou a história dessa cidade. Só que o mapa do crime em todo estado começou a sair do controle. Eu não sei o que me irritava mais: as mulheres fortemente armadas e sozinhas ou a incompetência dos pegadores convencionais. Então o BOPE precisou aumentar suas equipes táticas e atender todo Paraná. E missão dada, é missão cumprida. Eu ia subir armado, parceiro, e de farda preta. Agora a gente operava de blindado, de helicóptero. Invadimos a Awake, Black Bull pelo fumódromo, Guaratuba (quando comecei a operar na mesma equipe do Tenente Marcos). E foi só em Maringá que o Borges entrou pro Batalhão. Daí é aquela, o Capitão precisava assumir a Secretaria e deixar alguém digno no seu lugar, e assim o Borges assumiu o Comando.

Parecia que tava tudo resolvido. Mas o Borges começou a se ocupar de outras atividades. Parceiro, o que me deixava puto era ele não perceber que um cara do BOPE não é como os outros. Tem que ter dedicação total. Então continuei a minha guerra no BOPE, assumindo as missões que o Borges não comparecia. Era hora de eu assumir o controle da parada. Era a minha vez de ser o 01. Eu vou fazer o que o destino me permitiu. Vou cair para dentro e os alvos serão muitos. Neste final de semana parto pra uma missão de vingança em Maringá. Faca na caveira e muito na carteira. E dessa vez, parceiro, aquela raposa conhecer o saco. Segunda-feira é só história pra contar.


Nota da correspondente: BOPE dando entrevista... sabe o que é isso, Capitão? Passos larrrgos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O BOPE

Relato do Capitão Lopes à correspondente Kézia

Em Curitiba quem quer ser se dar bem deve escolher: ou se corrompe ou se omite ou vai para a guerra. E se você escolhe ir pra guerra, parceiro, tem que saber fazer. A cidade tem mais de 700 baladas todas dominadas por mulheres armadas até os dentes. Nenhuma quer ficar sozinha. E é assim que a banda toca. Se a mina quer carinho, o que ela vai fazer? Correr o risco de se decepcionar? É claro que não. Vai ligar pro BOPE. O Batalhão de Operações dos Pegadores Especiais.

O BOPE foi criado para intervir quando os pegadores convencionais não conseguem dar jeito. E aqui em Curitiba isso acontece o tempo todo. O BOPE vive na balada para pegar mulheres. Neste batalhão só entram os pegadores. Pega-ninguém aqui não se cria.

Meu nome é Capitão Lopes e eu chefiava a equipe Alfa do BOPE há 12 anos. Eu já tava naquela guerra há muito tempo e tava começando a ficar cansado dela. A guerra sempre cobra seu preço e quando o preço fica alto demais é hora de pular fora. Eu precisava arrumar alguém para ficar no meu lugar no Comando do BOPE.

Por muito tempo o Tenente Marcos esteve comigo e passou por diversas operações nas baladas. Já invadimos favelas e casas de Raposas na Barra. Ele não era fácil. Ele tava tão louco com o trabalho do BOPE que pegava qualquer coisa.

Tinha também o tenente Galeb. O cara era ex-PM (Pegador de Momento). Este tipo de pegador só se dá bem quando a mina dá moral. É vagabundo. Quer ficar apenas na rebarba dos outros. A última dele foi perder uma mina para um pegador de outra unidade. Cara, isso acaba com a imagem do BOPE.

Por fim tinha o Fábio e o Borges. Começaram como aspirantes no batalhão convencional. Era de caras assim que eu precisava. Na verdade eu precisava da inteligência de um e do coração do outro. Se eu pudesse ter juntado os dois a minha história não teria sido tão difícil. Mas quem disse que a vida é fácil.

O Fábio não tinha muita experiência. Muito tempo corrompido. Daí, é aquela, quando entra no BOPE o cara fica fissurado. O importante para ser um pegador é não desistir e não deixar nenhuma raposa escapar. E pra aprender isso ele ia ter que ralar muito. O problema do Fábio é que ele era movido pelo coração. Ele mirava um único alvo. Não via que às vezes dá pra matar dois coelhos com uma porrada só. A corrupção ainda tava na veia. E quando se trata de raposas, meu amigo, não pode ter uma única estratégia de invasão porque este erro pode ser fatal.

O Borges... ah este tinha potencial. Tinha o espírito dos pegadores. Era frio. Não escolhia o alvo e atirava em todo mundo. Sua auto-estima era tão alta que um corte não o abalava. Ele parecia eu quando entrei no BOPE.

Foi ali no BOPE que nossos destinos se cruzaram. Eles precisavam da força de um batalhão e eu precisava de um substituto. As opções eram poucas e eu precisava ser rápido. O que eu não sabia é que a missão de 11 de outubro mudaria para sempre a minha história e de toda corporação.

Era meu aniversário. E sabe como é ser Capitão... o batalhão espera que você esbanje. Eu tinha que juntar todas as minas num mesmo lugar. Eu sabia que ia dar merda. O morro já tinha muita mulher e levar mais minas lá, com um monte de Vodka, era loucura. Mas aqui é o BOPE. Missão dada é missão cumprida.

Já de cara o Tenente Marcos tomou a frente e fechou uma boca. Pois é, aqui a farda não é azul, parceiro. É preta. Mas o cara deixou a equipe desfalcada. E eu sabia que não podia mais contar com ele.

O Fábio tava afobado. E neguinho afobado na favela dá merda. Basta uma tentativa de invasão frustrada no começo da missão e já desestabiliza o psicológico.

Naquela noite o Galeb e o Borges fizeram a mesma escolha que eu fiz 12 anos antes. Eles foram pra guerra. A missão era finalizar Che Guevara. O que aconteceu era inevitável. Galeb, como todo ex-PM, adotou formas pacíficas de sobreviver. Só que na guerra um cara não pode se omitir. Já o Borges, parceiro, o Borges foi treinado por mim. Tranqüilo. Calmo. Só faz o seu. Não deixa a presa reagir. Quando vi Galeb tava sem bandoleira. 3 anos de BOPE e ainda não aprendeu. Passei o rádio. “Borges, Che Guevara tá entrando sem colete”. Borges não pensou duas vezes. Pegou a 12 e atirou. O sangue chegou a espirrar na cara do Galeb. É parceiro, tava ali o meu substituto.

O BOPE vai deixar saudade. Só vive em paz quem aprende a lutar. A guerra foi a minha cura. Pensaram que eu ia cair, mas dessa vez eu caí pra cima. Posso até largar o BOPE, mas não deixo a Secretaria de Segurança. E daqui, parceiro, eu vou transformar o BOPE numa máquina. Segunda-feira é só história pra contar.


Nota da correspondente: Alguns nomes foram substituídos para preservar a identidade dos envolvidos. Quanto às operações, o comando é do Capitão, a responsabilidade é dele. E quanto a mim, se é pra cair, vou cair atirando.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu e as Barbies

Assumo com muito orgulho que desde pequena curtia brincar de casinha, sim.
Que a Barbie e o Ken se casavam e tinham dois filhos e uma casa que mais parecia um palacete.

Minha mãe estava sempre de olho e as vezes brincava comigo. Mas não sempre. Ela achava que o "desenrolar" da brincadeira nada mais era reflexo do que eu vivenciava em casa, então ela me deixava bem a vontade mas vez ou outra perguntava a quantas andava a vida das minhas bonecas.

Um dia minha barbie estava sozinha em casa só cuidando das crianças. Daí o Ken chegava em casa, ligava a tv, sentava na poltrona e lá vinha a barbie, com avental e lencinho na cabeça levando o jantar na poltrona. Seriamente, o Ken pedia pra que ela tirasse os sapatos dele. Com todo o charme, ela tirava e saía de cena pois um dos bebês chorava muito.

Minha mãe que passava por ali, perguntou o porque o bebê estar chorando tanto. Contei o enredo da situação e eu vi que ela mudou de feição e perguntou da onde eu tinha tirado aquilo. Falei que eu tinha visto no filme da tarde que as mulheres faziam aquilo.

Como toda professora feminista que se preze, minha mãe falou que aquilo não era o correto. Que eu devia olhar para a Barbie que estava desenhada na caixa e comparasse com aquilo que ela estava sendo naquele momento. (Era a Barbie médica). E eu me lembro bem do que ela disse: "Filha essa sua Barbie é médica! significa que ela tem uma profissão. Ela está com o Ken porque o ama, e não porque precisa cuidar dele. Entendeu agora? Ela pode cuidar da casa, do Ken e dos filhos. Mas antes de tudo, ela é a Barbie. E tem uma profissão."

Eu tinha somente 5 anos mas entendi tudinho. Mesmo se a profissão dela for cuidar da própria casa (e do marido) ela é antes de tudo a poderosíssima Barbie. E uma Barbie médica!

Relembrando disso quase agora, liguei pra minha mãe. Ela me relembrou que sempre me dava Barbies, mas todas temáticas: Médica, tenista, amazona, atleta, professora. As Barbies modelos"vai as compras" "festa" e "princesa do campo" ela nem passava perto. Ela disse que "elas tinham que ter um referencial decente".

Uma lembrança que eu estava esquecida, mas que me influenciou pro que eu sou hoje.

Esse texto é pra você, Mamãe! Que sempre lê o blog mas não posta comentários porque "Ai filha não sei mexer muito nessas coisas não."

Te amo muito!


Fernanda.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Day, a diva

Estamos sentados à mesa e uma mariposa insiste em ficar por ali. Voa baixo. Desafiante com aquela falta de cor nas asas. Aqui do meu lado, ela observa por uns 8 segundos. Sem dizer uma palavra, levanta-se e pega aquele inseto com as mãos, o arremessa para longe e volta a sentar com um sorrisão. Ah, uma diva!

Mas ela é assim. E deixa isso claro a noite toda. O guardanapo acabou. Ela levanta e sabe onde tem. Não tem mais cerveja. Ela volta com outra direto do balcão. O que é isso que você está bebendo? Quer experimentar? Quero. Ela enfia a mão no balde de gelo, pega duas pedras, joga dentro do copo e mistura tudo com o canudo verde. Vai, agora bebe. Diva! Quem é o garçom? O Vitor. Eu só queria saber onde ele está. Mas claro que ela sabe o nome. Ela o abraça e chama pelo apelido. Ela some e pode estar na cozinha elogiando os cozinheiros. Assim como ela faz com o dono. A mulher do dono. O irmão do dono. O cara da banda. O baixista de outra banda. O vocalista que participou de um programa de TV. “Eu conheço uma menina que sai todo dia pelos bares da cidade à procura de diversão”. Sim, é a sua música mesmo! E ela dá o primeiro rodopio. Sentirei saudades dos rodopios. Dos exageros. Dos superlativos. Dos abraços apertados. Dos segredos que ela não consegue guardar.

E aqui nesta mesa que não para de aumentar, ela quer abraçar e conversar com todos. Às vezes ela senta, enxuga umas lágrimas que chegaram sem aviso e isso me corta o coração. Ela disse que era uma comemoração. Um novo começo. Mais um de tantos que ela teve. Essa guria de pernas enormes está acostumada a começar tudo do zero. O tempo todo. E eu queria garantir que desta vez as coisas ficariam ótimas depressa, que ela não precisaria esperar muito. Peguei na estante o meu livro preferido, fiz rápido uma dedicatória para não mudar de ideia e levei como seguro-final-feliz. Bem propício para um começo.

Hoje é dia de escolher o enredo. Redefinir personagens. Construir outras histórias. Não é possível saber como termina este capítulo. Nem quando começa um outro. Por mais curiosidade que o final possa trazer, o que importa mesmo é viver tudo devagar (ou seria com muita pressa?). Aproveitar até o último restinho de vida. Por enquanto temos apenas esta noite que ela quer ver virar dia. Muito bem, minha querida, porque, como tudo na vida, não há noite que dure para sempre.


Beijo bem grande e muitos abraços cheios de saudade

Kézia

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Atualizando: ela me disse que lavou as mãos depois da mariposa e o gelo estava livre de resquícios de asinha (e eu que nem associei nada disso... )

Atualizando 2: E aconteceu que a alegria veio pela manhã e a Day está voltando. Day, querida, arrasa!


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O amor no campo de batalhas

Quem pode dizer que se relacionar é fácil? Relacionamentos são como CDs, você quer muito uma parte e para desfrutar dela é necessário comprar o CD todo (um aleluia ao 4shared). E não é porque parte do CD é horrível que ele deve ser descartado. Não. Por mais que você reclame, é difícil se desfazer porque sempre vem à memória o quanto aquela aquisição é valiosa. Então as músicas ruins nem ficam tão insuportáveis assim. Fazem parte do repertório. E existem as músicas boas, e ah... elas são tão boas!

O que acontece é que às vezes supervalorizamos as músicas ruins. Damos a elas dimensões inestimáveis. Assustadoras. Explosivas. Capazes de matar. No amor, diferente de um CD, não é possível simplesmente avançar a faixa, ignorando totalmente a parte ruim. No mundo real, coisas reais acontecem e precisam ser enfrentadas. Muitas vezes este enfrentamento é mesmo um confronto com ações comuns a combates, neste contexto, nomeadas como brigas, crises e pitis. As diferenças são sutis, mas devem ser analisadas.

As brigas respeitam as leis naturais de causa e efeito. Apesar de eclodirem em momentos específicos, trazem muitas lembranças à tona. Uma briga é composta pelo fato imediato somado aos fatos recorrentes. Brigas são caracterizadas por longas “conversas” em que as falhas comportamentais são minuciosamente enumeradas a fim de que o outro encontre explicações plausíveis para tais ações. Em alguns casos existe uma mulher aos prantos dizendo “eu não agüento mais” e em situações extremas carros podem ser drasticamente danificados (ou qualquer outra coisa que seja interpretada como uma extensão do homem. Neste ponto, após uma rápida conclusão, a mulher percebe que não é viável passar 30 anos na prisão, então o homem em questão garante sua integridade física, porém o mesmo não é válido para seus pertences).

Já as crises podem ser pré ou pós-brigas. Não respeitam nenhuma ordem padrão e podem ocorrer por inúmeros motivos. Em muitos casos são geradas pela percepção que os fatos recorrentes são muito mais recorrentes do que se imaginava. Algumas têm como característica momentos de silêncio e estranheza que abruptamente dão lugar a brigas por motivos tão importantes como esquecer-se de comprar leite. Frases comuns “você sempre faz isso” “você nunca vai mudar” “já esperava isso de você”.

Quanto aos pitis, vale ressaltar, que nem sempre os homens estão familiarizados com o termo e é possível que seja uma forma de extravasar exclusivamente feminina. Ninguém consegue ter um piti sem que as pessoas ao redor percebam o clima pesado. Existe uma coisa no ar. Uma névoa densa e preta. Muito preta. Homens também percebem. Principalmente o seu. Ele vai querer descobrir o que é. E é neste momento de curiosidade que muitas se aproveitam. Ele começa: o que aconteceu? E ela, sem encará-lo nos olhos, responde: NADA. Aqui existe uma obrigação implícita do homem insistir e perguntar mais e mais e mais o que aconteceu até que ela sinta que ele já insistiu o suficiente e está pronto para O piti.

Os pitis começam e terminam sem aviso prévio. Aos olhos de um mero observador parecem não ter motivo aparente ou relevante. Mas é muito inteligente isso nunca ser mencionado em um momento de piti. Geralmente são caracterizados por Cavaleiros do Apocalipse que descem do céu e um homem perplexo que ouve tudo sem entender absolutamente nada do que ela está falando. Mesmo assim ela insiste em dizer coisas como “você não se importa comigo” “você não me ama”. Querido, ouça atentamente, fale o mínimo que puder e tenha paciência, porque da mesma maneira intempestiva que começam, os pitis terminam. Logo ela estará de volta, arrependida e muito carinhosa.

É evidente que nada disso é bonito, melodioso ou motivo de orgulho. São apenas coisas que acontecem por aí o tempo todo. Muitos relacionamentos podem não ter experimentado nenhuma das questões acima apresentadas. Outros tantos parecem não conseguir se manter sem que um ambiente infernal seja constantemente alimentado. Acredito que relacionamentos existem para sermos felizes e cuidar para que o outro esteja muito feliz. Como proceder? Ah, sou apenas uma engenheira que nem atua com engenharia. Só acho que não dá para ser feliz o tempo todo. Relacionar-se exige esforço. Muito esforço. Mas é melhor, muito melhor, serem dois do que um. E disso, meu bem, eu tenho muita certeza.

Beijo grande

Kézia

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A irmã da noiva

Seguramente minha irmã é a pessoa mais engraçada que eu conheço – aliás, minha família me faz acreditar que bom humor é uma herança genética. Ela é dois anos e quinze dias mais nova que eu, o que implica a mesma festa de aniversário, roupas do mesmo modelo apenas de cores diferentes (se bem que nem sempre as cores eram diferentes). Minha única irmã... única, única não é... mas como meus pais, juntos, tiveram apenas duas filhas, na prática é. Ela sobreviveu aos tapas, a história que inventei que ela era adotada e ao cabelo de Rei Leão (pra mim, a melhor lembrança!). E eu sobrevivi às inúmeras vezes que a defendi na escola, a todas as vezes que ela ficava doente e eu precisava buscar o revigorante chips com coca-cola e as músicas inventadas com invejável criatividade. Nos tornamos amigas, o que me faz pensar que ter uma amiga que parece irmã é fácil, difícil é ser amiga de verdade da sua irmã. Nós somos. E agora ela está noiva. Reconheço que ela escolheu muito bem. Mas ele... ah, ele foi muito abençoado por Deus. Ela é ótima. Cuidadosa, divertida e muito apaixonada. Minha irmã apavora. Nesse casamento eu recebi uma missão muito especial: levar as alianças. Não foi um mero convite “quer ser minha daminha de alianças?”. Não. Ela não seria ela com uma atitude dessas. Convite bem ao estilo minha irmã, que além de engraçada, é muito zelosa e com grande talento artesanal. Ganhei uma caixa-convite, que ela descreve neste post aqui (ela tem um blog em que divide as aventuranças de se preparar para o casamento. Recomendo seguir) com um cartão assim:

No dia do meu casamento eu preciso de alguém para enxugar minhas lágrimas de emoção. Preciso de alguém que me abra um sorriso bem grande quando eu estiver nervosa. Alguém que carregue nossas alianças com o maior carinho que possa existir. Alguém que esteja ao meu lado em todos os momentos de preparação para o grande dia. E eu preciso de alguém para segurar meu vestido na hora de ir ao banheiro. Kézia, Aceita ser nossa cerimonial-madrinha?
Quédma e Rafael

Agora, me diga: que resposta cabe a um convite desses? Foi o que pensei... Então serei a daminha! Terei sob minha responsabilidade o símbolo do amor e compromisso que eles firmarão. Será meio solitário porque todas as outras vezes em que levei as alianças minha irmã me fazia companhia, tudo bem que éramos crianças, mas ela sempre esteve lá.

Irmã Princesa, por mais que seja óbvio, quero reforçar que sou a daminha mais alegre e orgulhosa de todo o mundo. Este foi o convite mais lindo e importante que já recebi. Quero que minha entrada seja antes da sua, para poder te olhar bastante e guardar cada momento em minha memória. Tudo vai dar certo! Seja muito paciente, não tenha medo nenhum de ser feliz e me dê sobrinhos (em um dia bem distante de hoje, mas dê!).


Beijo bem grande

Kézia

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Futebol: O início de uma era

Faltam duas horas para o jogo começar. Estou pronta e minha última dúvida é se posso levar bolsa. Não custa perguntar. Ele não responde e diz que vai se atrasar. Finjo que sou compreensiva e continuo esperando. Quem já esperou tanto tempo pode esperar mais 20 minutos sem surtar. Eu faço terapia!

É necessário muito amor para me levar a um estádio porque isso implica responder questões como “nem o esmalte pode ser vermelho?” e “tem certeza que não vão jogar saco de xixi na gente?”. Apesar de tudo garanto que sou a companhia mais animada do mundo. Uma animação quase infantil. Enquanto espero, repasso algumas histórias que decorei para poder me fazer de entendida. Coisas simples como “este é o segundo estádio, o outro era ali perto do jockey”. “é mesmo necessário ter 34 jogadores?” (descarto essa por não achar de bom tom pagar do tipo não-sei-nem-o-que-um-zagueiro-faz) “ah o Tcheco? Sei sim”. Fiz uma pesquisa superficial para que ele pudesse demonstrar todo seu garbo, elegância e conhecimentos nerds. Tudo executado com muito sucesso.

A entrada do estádio me lembra demais o estádio da minha cidade. O nosso – o irmão pobre – tem capacidade para 6 mil pessoas e só vi cheio uma vez no show do Daniel. Mas aqui é diferente. Jogo da segunda divisão e estádio bem cheio. Ele me diz que a torcida é muito fiel. Devo estar com uma cara bem assustada porque ganho um abraço do tipo você-está-comigo-e-nada-vai-acontecer-com-você. Ser mulher é muito bom! Acomodada em meu lugar já vou dizendo que dá próxima vez quero assistir da arquibancada. Calma, calma, devagar. Se bem que me disseram que estou naquele também conhecido como “setor de namorados”. Lindo isso! Apesar de eu ficar imaginando os rapazes ali com olhar comprido pra arquibancada desejando estar no meio da bateria. Eu queria, pelo menos.

Mas vamos ao jogo. “Sabe o que é impedimento né?” “Aham” e tento explicar tipo Arnaldo Cézar Coelho...quando o último zagueiro está atrás da linha do último...me perdi. E ele me explica daquele jeito objetivo que só homens sabem fazer. Ao nosso lado tem um cara que eu super queria ser amiga. Ele xinga o lateral de forma a facilitar muito meu entendimento das posições. O lateral eu já sei quem é. Rola a partida e nada de gol. É muito azar. Mas lá pelos 38 minutos do primeiro tempo meu querido lembra de coisas importantes que devem ser verbalizadas e diz olhando pra mim “antes que eu me esqueça, você está muito bonita” correspondo o olhar e suspiro um “ahhhh” GOOOOOLLLLLLLL!!! “Não acredito que a gente perdeu de ver!” e ele inteligentemente diz “mas valeu a pena e logo eles fazem outro.” Ele estava certo. Mas até aí, nenhuma novidade, ele sempre está. Continuamos assistindo e conversando, mas sem tirar os olhos do campo agora. Vez ou outra somos interrompidos por um super especialista que comenta todos os movimentos e está sentado bem perto de nós. No segundo tempo, meu amigo que tanto xingava o lateral não volta, imagino que tenha ido pro outro lado do campo junto com seu time. A bateria não cansa nunca. Mas nem todo o empenho consegue estimular novos gols. 5 4 3 2 1 e dá tempo de cantar o hino mais uma vez. Fim da partida. Uma nova era começa na minha vida!

Encerramos o dia comendo comida mexicana bem perto do Curitiba Comedy Club – que eu aponto e digo que quero muito conhecer. A vantagem é que depois de tanto tempo, eu já não preciso dar nenhuma indireta.

Beijo grande

Kézia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ela disse sim!

Sou uma solteira que vive entre casais. Uma sobrevivente! Não é fácil ouvir tantos “não, meu marido está trabalhando hoje”, “não, meu namorado chegou de viagem e quero ficar com ele”, “não, os pais do meu noivo viajaram e vamos cuidar da casa”. Principalmente quando quero muito conhecer o Curitiba Comedy Club (primeira indireta) ou comer comida mexicana (segunda). Às vezes fico pensando em ter um namorado só para forçá-lo a me levar aos lugares. No meu entendimento, os namorados nos levam aos lugares que pedimos porque sabem que aquilo será visto como uma gentileza (se bem que às vezes é um “não faz mais que a obrigação”) e quando estamos gratas somos companheiras muito melhores. Bem, é o que penso.

E funciona assim: namoro gera amor que gera paciência que gera esperança que gera planejamento que gera investimento financeiro que gera apartamento que gera casamento que gera conta conjunta. Pelo menos é mais ou menos este processo que estou vendo acontecer.

Minha amiga está na fase noivado (que ocorre mais ou menos na parte planos – poupar dinheiro – casa própria – preparativos da cerimônia). Apesar de todos os alertas sobre a realidade cotidiana matrimonial (mesmo sem nenhuma experiência, considero de alta relevância a minha participação no comitê de ajuda mútua), ela está na antecâmara do céu. Céu este que será revelado em sua plenitude no dia do casamento, se a síndrome organizei-meu-casamento-e-quero-garantir-que-tudo-esteja-perfeito permitir, caso contrário o céu será finalmente conhecido apenas em sua romântica lua-de-mel. Amém.

Mas o que me fez repensar meus hábitos foi: o orçamento cerimônia.festa.lua-de-mel. Como fiquei pensando em como eu faria para poupar tanto dinheiro caso fosse necessário mudar de vida tão de repente, lembro de pouca coisa da conversa. Coisas como “o bolo pode custar mais de R$ 2 mil” (genteeee, é só um bolo...farinha, ovos, leite, manteiga, açúcar, recheio e cobertura); “os noivinhos podem variar de R$ 150 a R$ 700” (nesta parte um rapaz da mesa achou inteligente dizer que ele sempre achou que os noivinhos fossem comestíveis – pausa para olhares de perplexidade); “o vestido .... as flores...” e sete palavras usadas na descrição do bolo: cake designer (gostei destas), chocolate, recheio, trufado, preto, branco.

É...minhas queridas... casar! Minha irmã também está noiva. Noiva na antecâmara do céu! E apesar do orçamento apertadinho, afirmo com segurança que, assim como minha amiga noiva, ela está muito feliz! E eu também. Gosto desta fase pré-casamentos. E gosto de ficar bem perto para viver tudo junto. É um sopro na alma ver alguém que amo muito casando com o amor da sua vida.

Então, querida Amiga, dentro de 59 dias ouvirei a marcha nupcial com você. O quarteto de cordas estará lindo! Seu noivo com lágrimas nos olhos e sorridente por saber que a guria mais amável do mundo será sua esposa dali alguns minutos. Finalmente vou matar a curiosidade sobre como é o seu vestido, seu penteado, seus acessórios, seu buquê, tudo. Experimentarei todos os drinks que você escolheu com tanto carinho e me comprometo a comer o bolo valorizando cada mordida. Casar pode até custar caro, mas quem é capaz de mensurar o "Amor Sincero, Puro, Verdadeiro e Eterno"?

Muito amor para viver este sonho tão sonhado, Mãozinha. Falta muito pouco.


Todos os beijos do mundo

Kézia

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

E lá vamos nós!

Eu sou daquele tipo de mulher que só toma refrigerante em ocasiões especiais – aquelas em que ninguém está olhando. Vocês devem saber, tudo aquilo que você faz quando ninguém vê, não tem valor nenhum, simplesmente porque não existiu. Vou exemplificar:

1. Dieta: Você come como uma condenada à morte. Ninguém está vendo. Zero calorias. Acompanhada de outras pessoas. Salada e suco sem açúcar. Sempre!

2. Trabalho: Você usa internet como se estivesse na lan house. Ok. Seu chefe se aproxima. Alt+Tab e de volta às planilhas do Excel.

3. Depois de levar um fora: Você continua olhando cada foto por muito tempo sem piscar. Normal. Uma amiga por perto. Janela fechada e histórico apagado.

(ATENÇÃO: EXEMPLOS MERAMENTE ILUSTRATIVOS! Beijo, chefe!)

Então, voltando ao refrigerante - que é o único fato real desta história-, por que eu faço isso? Eu classifico como falta de dignidade. Minha história é assim: parei de tomar refrigerante – e todas as demais bebidas gaseificadas - há algum tempo. Mas, às vezes, tipo ontem, quando eu abro a geladeira... ah gente... geladinho... ninguém por perto... secret... um copinho de 200 ml... não é uma quantidade assim ENORME de gás carbônico estourando no meu estômago... todos vamos morrer mesmo. Que pegue fogo! Tomei. E ui. Ele já me explode na boca. Faz minhas glândulas produzirem lágrimas extras. Estressa minhas papilas gustativas. Rasga minha garganta. Agride meu esôfago. Mostra a localização exata do meu estômago. Argh. Tarde demais. Pela prática, eu já antevia todo ciclo. Consequências que a falta de dignidade me provoca. Um conhecimento do fim que somado a uma saudade apertada, me leva a encarar o processo. Lembro daquele episódio do Pica-pau em que a bruxa tentava achar sua vassoura mágica, entre muitas comuns, em uma fábrica de vassouras. Para cada tentativa, ela dizia as palavras mágicas: E lá vamos nós!

Então... “e lá vamos nós!”

Eu não tenho dignidade mesmo!


Beijo grande

Kézia

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O assunto é: Possibilidades deprimentes

Na minha vida de possíveis jantares à luz de velas com Rod Stewart cantando The way you look tonight (ao vivo, claro!) enquanto nós dançamos em um terraço, iluminados por uma maravilhosa lua cheia, existem 5 tipos de homens:

1. Solteiros mais velhos

Caso 1:


Eu: ah, você não lembra da Porta dos Desesperados?

Ele: Minha tese de doutorado foi sobre A Influência da Inteligência Competitiva nos Resultados Organizacionais dos Mercados Asiáticos

Meu pensamento: Oooo Chatice


Caso 2:


Eu: quero muito fazer mestrado.

Ele: você pensa bastante na sua carreira né? Sempre tive outras prioridades

Meu pensamento: Corra, Kézia, corra...

2. Comprometidos

“no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho” já dizia Drummond ao antever a minha vida. É assim... a quantidade dos atributos é inversamente proporcional ao tempo que uma esperta levou para perceber que ele era demais e levá-lo para sempre de mim. (Não é por nada não...mas, para mim, o Adam Sandler é o homem mais lindo da galáxia, minhas 3 frustrações na ordem: 1. eu não me chamar Eva (Adam and Eva...entendeu?); 2. ele ser casado (fiquei mega triste quando soube); 3. ele não ser casado comigo. Adam, eu colocaria as meias em seus pés, pentearia seu cabelo, faria sua barba... ah Adam, por que você fez isso comigo? :_(

Mais provas que ele é Adam Lindler


3. Gay

Para refletir: a carência te faz acreditar em coisas que só existem na sua linda cabecinha de princesa Disney.

Coloco aqui no singular porque só conheço um (assim... um único e que é um partidão). Entendo que alguns rapazes são irresistíveis e tal...mas e eu?

4. Jovens

Imagem escolhida especialmente para a Bianca que sempre alimentou muito amor pelo Dieguinho

Ah tenho saco não e ele nem vai conhecer o Rod Stewart.

5. Solteiros com idade entre 27 e 33 anos que não dão a menor bola para mim

Que o Adam não me ouça, mas o Caleb (o vocalista do Kings of Leon) fica tão lindo de camisa xadrez... aiaiiiiii

E é aqui que as coisas acontecem. Sempre. Afinal quem aguenta ser feliz o tempo todo? São para estes que eu corro quando estou cansada de ser feliz e quero deixar minha autoestima lá no pé, ver minhas calças caindo mesmo quando eu aumento demais a dose de carboidratos, implorar pros meus amigos me explicarem o que aconteceu, fazer do meu celular um instrumento de tortura e pá. Coisinha gostosa a paixão!

Só para constar: enquanto isso tem nego brigando na balada por causa da Ana Maria Braga. Depois quando eu falo, a louca sou eu...

Bom queridos... é isso. O amor é uma flor roxa que nasce no coração das moças (Kézia, 2010).

Beijos enormes

Kézia