Relato do Capitão Lopes à correspondente Kézia
Em Curitiba quem quer ser se dar bem deve escolher: ou se corrompe ou se omite ou vai para a guerra. E se você escolhe ir pra guerra, parceiro, tem que saber fazer. A cidade tem mais de 700 baladas todas dominadas por mulheres armadas até os dentes. Nenhuma quer ficar sozinha. E é assim que a banda toca. Se a mina quer carinho, o que ela vai fazer? Correr o risco de se decepcionar? É claro que não. Vai ligar pro BOPE. O Batalhão de Operações dos Pegadores Especiais.
O BOPE foi criado para intervir quando os pegadores convencionais não conseguem dar jeito. E aqui em Curitiba isso acontece o tempo todo. O BOPE vive na balada para pegar mulheres. Neste batalhão só entram os pegadores. Pega-ninguém aqui não se cria.
Meu nome é Capitão Lopes e eu chefiava a equipe Alfa do BOPE há 12 anos. Eu já tava naquela guerra há muito tempo e tava começando a ficar cansado dela. A guerra sempre cobra seu preço e quando o preço fica alto demais é hora de pular fora. Eu precisava arrumar alguém para ficar no meu lugar no Comando do BOPE.
Por muito tempo o Tenente Marcos esteve comigo e passou por diversas operações nas baladas. Já invadimos favelas e casas de Raposas na Barra. Ele não era fácil. Ele tava tão louco com o trabalho do BOPE que pegava qualquer coisa.
Tinha também o tenente Galeb. O cara era ex-PM (Pegador de Momento). Este tipo de pegador só se dá bem quando a mina dá moral. É vagabundo. Quer ficar apenas na rebarba dos outros. A última dele foi perder uma mina para um pegador de outra unidade. Cara, isso acaba com a imagem do BOPE.
Por fim tinha o Fábio e o Borges. Começaram como aspirantes no batalhão convencional. Era de caras assim que eu precisava. Na verdade eu precisava da inteligência de um e do coração do outro. Se eu pudesse ter juntado os dois a minha história não teria sido tão difícil. Mas quem disse que a vida é fácil.
O Fábio não tinha muita experiência. Muito tempo corrompido. Daí, é aquela, quando entra no BOPE o cara fica fissurado. O importante para ser um pegador é não desistir e não deixar nenhuma raposa escapar. E pra aprender isso ele ia ter que ralar muito. O problema do Fábio é que ele era movido pelo coração. Ele mirava um único alvo. Não via que às vezes dá pra matar dois coelhos com uma porrada só. A corrupção ainda tava na veia. E quando se trata de raposas, meu amigo, não pode ter uma única estratégia de invasão porque este erro pode ser fatal.
O Borges... ah este tinha potencial. Tinha o espírito dos pegadores. Era frio. Não escolhia o alvo e atirava em todo mundo. Sua auto-estima era tão alta que um corte não o abalava. Ele parecia eu quando entrei no BOPE.
Foi ali no BOPE que nossos destinos se cruzaram. Eles precisavam da força de um batalhão e eu precisava de um substituto. As opções eram poucas e eu precisava ser rápido. O que eu não sabia é que a missão de 11 de outubro mudaria para sempre a minha história e de toda corporação.
Era meu aniversário. E sabe como é ser Capitão... o batalhão espera que você esbanje. Eu tinha que juntar todas as minas num mesmo lugar. Eu sabia que ia dar merda. O morro já tinha muita mulher e levar mais minas lá, com um monte de Vodka, era loucura. Mas aqui é o BOPE. Missão dada é missão cumprida.
Já de cara o Tenente Marcos tomou a frente e fechou uma boca. Pois é, aqui a farda não é azul, parceiro. É preta. Mas o cara deixou a equipe desfalcada. E eu sabia que não podia mais contar com ele.
O Fábio tava afobado. E neguinho afobado na favela dá merda. Basta uma tentativa de invasão frustrada no começo da missão e já desestabiliza o psicológico.
Naquela noite o Galeb e o Borges fizeram a mesma escolha que eu fiz 12 anos antes. Eles foram pra guerra. A missão era finalizar Che Guevara. O que aconteceu era inevitável. Galeb, como todo ex-PM, adotou formas pacíficas de sobreviver. Só que na guerra um cara não pode se omitir. Já o Borges, parceiro, o Borges foi treinado por mim. Tranqüilo. Calmo. Só faz o seu. Não deixa a presa reagir. Quando vi Galeb tava sem bandoleira. 3 anos de BOPE e ainda não aprendeu. Passei o rádio. “Borges, Che Guevara tá entrando sem colete”. Borges não pensou duas vezes. Pegou a 12 e atirou. O sangue chegou a espirrar na cara do Galeb. É parceiro, tava ali o meu substituto.
O BOPE vai deixar saudade. Só vive em paz quem aprende a lutar. A guerra foi a minha cura. Pensaram que eu ia cair, mas dessa vez eu caí pra cima. Posso até largar o BOPE, mas não deixo a Secretaria de Segurança. E daqui, parceiro, eu vou transformar o BOPE numa máquina. Segunda-feira é só história pra contar.
12 comentários:
Minha amiga se superou desta vez...
Como é, no mínimo, intrigante perceber as situações da vida de uma forma diferente... Se encaixa perfeitamente!!! (hahahah)
Tropa de Elite! BOPE é isso aí!
Beijo!
kkkkkkkkkkkkk muito bom! Mas faltou o capitão Duarte! Ninguém lembra dele!
Amei a "paródia" heheheh, serve direitinho para a situação.
Beijos
SENSACIONAL! Muito bom o blog d vcs. Vou linkar tá? Voltarei sempre, voltei ao mundo das blogueiras, meu blog antigo eu matei tem 1 ano, agora ressucitei. Tudo novo de novo!
bj
Parabens 05, mais uma vez efetuou a missão com sucesso!!!!
Capitão Lopes
Hahahahahaahahahaha
Quase morri de rir!
Em caso de bolas perdidas, inocencias perdidas, e se perder comigo. Chame o Comandante Assef.
Duarte e ASSFE.... vcs são farda Azul... Nunca serãooooooo!!!!!!!!!
Ass Capitão Lopes
hahahahaa....meninas parece que estou ouvindo o Wagner narrar...hahahaha
ótimo post, mas quero distância de homens assim!
beijocas,
Mari
hahahahaha.... A_D_O_R_E_I!!!
bjs
Sensacional. Isso tem que sair numa revista feminina vai bombar!!!! Muito engraçado, queria conhecer os personagens pra rir ainda mais.
Irma
Hello people
Vejo que alguns se autopromoveram pro BOPE. Mas isso é uma máquina mesmo!
Meninas, vocês deveriam conhecê-los mesmo. Garanto que são queridos demais. O Paraná está em boas mãos.
Beijo grande
Kézia
Basta.
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