quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ih, minha mãe tá namorando! - Parte 2: A Mariposa Apaixonada de Guadalupe

Todas as tardes a Rádio Atividade dedicava uma programação exclusiva aos seus tantos românticos ouvintes. Cartas que contavam histórias de amor eram lidas. Impasses e dramas amorosos eram resolvidos por telefone. Ela cantarolava todas as músicas. Acreditava na veracidade das histórias. Sofria com a tensão dos casos. Se envolvia. Sentia-se de volta àquele mundo ao qual ela havia deixado de fazer parte. E foi ali que ela começou a cogitar a possibilidade de se unir aos esperançosos que mandavam pequenos anúncios de seus corações disponíveis.

E ela escreveu o seu. Escolheu cada palavra. Temia aparentar desespero. Temia parecer desinteressante. Na sua expectativa poderia beijar o papel deixando uma marca com seu batom mais bonito. "... andei por milhas e milhas tão distante de tudo e agora procuro o meu par". Não foi capaz de controlar seu coração quando ouviu seu bilhetinho sendo lido ao vivo. Será que alguém ligaria? E se ninguém ligasse? E se ninguém quisesse? Besteira. Tinha tudo para dar certo. Mas será que "ele" ligaria? Ele mesmo. Aquele desconhecido por quem ela esperava tanto. E se ele não gostasse dela? Se não quisesse ficar?

E, sim, seu telefone tocou. Não apenas uma vez. E entre os que chegavam e partiam, um tinha um jeito despretensioso. Chegou do nada, sem promessas ou presentes. Trouxe apenas seu coração cansado de errar. Ouviu tudo o que ela dizia e nada lhe indagou. Foi chegando sorrateiro procurando onde se instalar.

Mas como ela faria isso? Como deixaria de criar possibilidades e dar-se uma real oportunidade? Ela ainda saberia como agir? Ainda havia tempo? Sentia-se uma adolescente enquanto vestia seu melhor vestido. Ajeitou o cabelo enquanto o procurava entre tantos rostos estranhos. Pernas bambas. Coração disparado. Boca seca. "É ele!"

E então as dúvidas se calaram. Os medos se dissiparam. Não lhe sobraram perguntas. Apenas seus braços que pareciam ter sido feitos para permanecer naquele abraço. E neste momento ela soube que não estava mais a apenas dois passos do paraíso.


Beijo grande
Kézia

5 comentários:

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Coisa fofa!!! Curti.

Beijão, ótimo finde,

Bela - A Divorciada

PS: Cadê o meu texto?

O Divã Dellas disse...

Ai que delicia, Kezia!

Queria tanto que a minha mãe tivesse se dado uma segunda chance... Mais de 20 anos que se separou do meu pai e nunca mais se deu outra oportunidade.

Beijos, meninas!!

Verônica

O Divã Dellas disse...

Oh texto gostoso!!!
A gente vai deslizando nele, Deslizando tão suavemente.
Parabéns!
Beijos,
Cinthya
http://odivaadellas.blogspot.com

Luciane disse...

lindo lindo lindo. conta mais detalhes, Kézia! a flor-mãe já pensa em casamento de novo? =)
beijo grande

Ácidas e Doces disse...

Ai ai Bela belíssima
fiquei esperando meu consultor me mandar o parecer técnico para o texto ficar fiel e acabei sendo displicente. Calma, tá chegando.
Verônica, Cinthya e Lu, gosto mesmo dessa história porque ela aconteceu meio assim mesmo, com anúncio na rádio, conversas ao telefone e primeiro encontro com coração disparado. Vero, espero que sua mãe seja surpreendida. A minha passou a minha adolescência inteira dizendo "nunca se apaixone, a paixão é uma ilusão" e tá aí...
E siiim, ela pensa, fala, sonha e planeja se casar de novo.
beijo, meninas
Kézia