domingo, 11 de julho de 2010

Do alto da Torre Eiffel

Quando ele me ligou despretensiosamente perguntando se eu queria encontrá-lo naquela terça-feira eu não imaginava que o meu sim ligaria um interruptor que há tanto tempo andava desligado. Pensando bem, fico em dúvida se a luz ficou acesa ou se ela foi apagada. Lembro que naquelas outras terças que sucederam tudo ficou tão bom como nunca tinha sido antes. E eu comecei a gostar daquilo. Foi só quando cheguei ao andar mais alto que decidi chegar perto da beirada. Ou meu estado febril estava me provocando delírios ou ali era mesmo a Torre Eiffel! Comprei para ele um paraquedas. Eu sabia sim que poucas pessoas conseguiram aquele feito. Mas agora era diferente. Éramos nós dois e um paraquedas capaz de suportar tudo. Por que não? Ele confiava em mim. E esse salto era tão certo. E aquela sensação de liberdade seria tão boa. Ó, pensei em você. Assim você não vai se machucar se quiser pular daqui. Acho que poderíamos fazer isso juntos. Fiquei olhando ele recuar assustado. Mal ouvi o que ele disse de longe. “... não queria que ficasse triste”. Dei as costas e fiquei olhando para baixo. Tá, mas subiu até aqui por quê? O lá embaixo começou a ficar muito mais lá embaixo. Não sei se ele ficou parado ali ou se achou que fosse o momento de descer. Tá, mas por que subiu até aqui? O pôr do sol está tão bonito! Ele pode querer voltar e ficar sentado aqui comigo. Então, por enquanto, o paraquedas fica aqui.
Kézia

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