domingo, 18 de julho de 2010

A parte doida que vive aqui

Em poucos momentos eu me sinto tão dona da minha vida quanto na fila do cinema. E eu reconheço que isto é muito doido. Tudo começou há uns 3 anos. Depois de um livro, decidi que ir ao cinema seria o meu momento. E assim acontece toda vez que começo imaginar, minuciosamente, formas de torturar.

Os filmes são escolhidos de acordo com meu estado emocional. Se eu estiver me sentindo muito sozinha, escolho uma comédia romântica para viver mesmo a solidão. Se eu estiver com muita energia, com certeza será um filme de ação e, ao final, tentarei imitar todos os golpes. Suspense e terror não serão escolhidos em nenhum estado. Alguns são escolhidos apenas pelo ator ou diretor e depois farei comentários com um ar intelectual. Os de animação poucas vezes são escolhidos. A menos que a animação em questão seja: Shrek. E assim aconteceu.

Estou em uma grande fila que fica cada vez maior com tantas famílias que vão se juntando ao fluxo. A primeira de outras filas que eu enfrentaria até estar acomodada em meu lugar. Meu humor permanece ótimo e isto é muito doido. Entro em um cinema lotado que permite pouquíssima movimentação. Perfeitamente justificável, já que para mim Shrek é uma história muito real. E eu o considero um príncipe. O mais verdadeiro do mundo. A Fiona desta vez se superou e fez dois discursos que eu, facilmente, teria escrito. Doido, mas, para mim, sermões são inevitáveis. O Shrek tão romântico! Sempre me impressiono como ele consegue dizer a coisa certa, na hora certa. E lá estou eu pensando “ah Shrek, vai te catar”. É doido, mas assim são as minhas reações ao ver uma situação muito romântica em que não estou envolvida.

Como sempre, saio do cinema tentando assimilar tudo e esqueço algumas coisas que deveria ter feito no caminho de volta. Gosto dessa liberdade e da convicção que um dia ela será dividida com alguém. Apesar de acreditar no amor, saio pensando no início da linha do tempo: a paixão. Um desafio à lógica. Mas... hoje não.

Em casa, coloco Eric Clapton para cantar Wonderful Tonight, confiro meu celular, meu email, MSN, alguns textos, o celular de novo e de novo. Nada. É...wonderful tonight! Bom, posso ser doida, posso ser muitas outras coisas, mas, pelo menos, eu não sou cruel, meu bem!

Meio doida e sem lógica
Kézia

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