terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ih, minha mãe tá namorando! - Parte 1: Arlindo Orlando fugiu, desapareceu, escafedeu-se

Perto de completar 27 anos ando mais obsessiva do que nunca com a ideia de casamento. Todos meus bons ou maus conceitos foram, um dia, ouvidos pelo meu terapeuta e desafiados por uma inquietante pergunta: “qual será a ideia fantasiosa que você criou?”.

Talvez a crise seja causada pelo iminente casamento da minha irmã. Ou talvez mesmo com a casa em ordem, um bom trabalho e a família tranqüila, eu passe os dias procurando alguma coisa que não sei o que é, mas sinto tanta falta que chega a doer. Ou quem sabe tudo seja motivado pelo divórcio da minha amiga de infância, da mesma idade que eu e um filho de 3 anos. Se eu não tivesse desistido das conversas que ocorriam naquela clínica de análise, talvez eu tivesse contado para ele uma história tão tragi-romântica quanto aquela cantada pela Blitz, mas que aconteceu de verdade, com a minha mãe, em uma cidade tão pacata quanto Miracema do Norte.

Lá pelos seus 27 anos ela viu o seu Arlindo Orlando deixando-a com o coração partido e duas filhas totalmente dependentes. A separação tem um gosto tão amargo que a memória parece fazer questão de não apagar. E ela conheceu todas as emoções que os rompimentos trazem. Todas as perguntas que nunca encontrarão respostas. As hipóteses que nunca serão provadas. Os planos que não serão realizados. As promessas que não serão cumpridas. Os sonhos que ficarão para trás. Guardou tudo ali e cuidou de cada frustração como se fossem seu memorial e garantia de nunca mais repetir o feito.

E assim os anos passaram devagar. Somaram 23. As filhas cresceram. Deixaram de ser dependentes e tornaram-se parceiras. Foi então que os argumentos começaram a perder o sentido. Não mais por elas. E se elas deixaram de ser o centro, alguém precisaria ocupar este lugar. E quem sabe dessa vez não fosse a sua vez? A sua vez de ser prioridade. Por que não? E devagar ela começou a acreditar que era possível se apaixonar de novo. E de novo. E de novo. E quantas vezes fossem necessárias até ser tão feliz a ponto do coração parecer querer explodir dentro do peito. Ser feliz despreocupada e intensamente. E assim, de um jeito tímido, comum a todas as metamorfoses, nascia nossa Mariposa Apaixonada de Guadalupe.


Beijo grande
Kézia

Um comentário:

Priscillinha disse...

Nossaaaa ameiiiii como sempre... e que disse que ela não pode ser feliz não é..manda um super beijo pra ela..saudade imensa dela..rs