terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pro dia nascer gentil

- Oi

- É a Kézia?

- Isso.

- E aí? Bonita como sempre?

Ah, esse meu porteiro é muito perceptivo!

Tudo bem que ele sempre finaliza se desculpando pela brincadeira. Mas como eu poderia me ofender quando às 7 da manhã, esbaforida, ouço um “bom dia, moça bonita!” ou quando saio nos fins de semana com um tênis surraaaado e ele diz balançando a cabeça “ah não tem jeito... vou sair casado desse prédio”?

Um estímulo feito com tanta gentileza contribui para eu começar o dia gargalhando e mais confiante na resposta:

- E aí, Kézia? Bonita como sempre?

- Sim, com TODA certeza.



E aí, queridos? Maravilhosos como sempre?

Beijo

Kézia

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Preciosa e a Fibrose Cística

O que dizer de uma garota que internada devido a uma grave pneumonia tem um sonho em que um grupo de pessoas conversa sobre o valor do ar que respiramos? O que dizer quando esta garota acorda, decide montar um grupo de ajuda mútua para pessoas com problemas respiratórios e o torna real? Uma única palavra se imprime nestes corações aqui: PRECIOSA.

Esta é a preciosa e sonhadora Verônica. Uma joiazinha linda, de sorriso fácil e que conquista a todos à primeira vista. Já à segunda, ela se torna sua amiga-companheira de risadas, de momentos tristes ou alegres. Ela tem 24 anos e desde criança tratava-se dos sintomas de asma. Já teve incontáveis pneumonias, inúmeras fraturas pela fragilidade dos ossos, pancreatite e sei lá mais o quê. Há pouco mais de um ano ela recebeu o diagnóstico positivo de Fibrose Cística e pode finalmente tratar-se corretamente.

A Fibrose Cística é uma doença causada por uma alteração genética que faz com que toda a secreção do organismo do paciente seja mais grossa, desencadeando graves alterações no sistema respiratório, digestivo e reprodutor. É grave, incurável, mas com o diagnóstico precoce e tratamento adequado permite que o portador tenha uma vida normal e produtiva. Porém, com o diagnóstico tardio, nossa preciosa sofre conseqüências que prejudicam sua qualidade de vida.

O desconhecimento da doença somado à lembrança do sonho que ela teve em uma de suas internações, fez surgir o Grupo Unidos pela Vida, que busca reforçar a importância do tratamento da doença, os cuidados com a saúde e a valorização da vida. Estruturado em um site informativo (http://www.unidospelavidafc.com/), o projeto já tem um ano de existência e auxilia muitas famílias, amigos e portadores de Fibrose Cística.

Bom, meus queridos, não sabemos quem lê este blog, mas pessoas muito queridas interagem conosco. Então temos um pedido muito carinhoso para você que nos lê: divulge o grupo! Uma coisa que Verônica nos ensina é que não importa o volume da nossa voz, mas em algum lugar ela terá eco e encontrará pouso em um coração que precisa. Caso você queira saber mais sobre a história dela e do grupo entre em contato pelo email unidospelavida.fc@gmail.com.

A nova conquista é que a Verônica e o Grupo Unidos pela Vida são finalistas do Prêmio Voluntariado Transformador 2010 do Centro de Ação Voluntária do Paraná, concorrendo como Destaque da Categoria de Saúde (em que apenas os jurados do prêmio podem votar) e também como Destaque do Voto Popular (em que qualquer um pode votar). Se você quiser votar, acesse o site do Prêmio http://www.voluntariadotransformador.org.br/votopopular.asp, digite seus dados, clique no meu nome “Verônica Del Gragnano Stasiak” no final da página e entre para a torcida. Cada pessoa pode votar só uma vez, mas nada impede que você divulgue entre seus amigos.

Querida, preciosa, amada e inspiradora Verônica, tentamos expressar neste texto o quanto sua iniciativa é importante. Sabemos que qualquer tentativa será frustrada comparada ao tamanho do seu coração. É uma honra poder de alguma forma ajudá-la a carregar sua bandeira voluntária tão linda. Você nos lembra bem Osvaldo Montenegro quando ele diz "Porque metade de mim é amor... e a outra também.” Lendo o site do Unidos encontramos esta sua declaração “Desejo uma inspiração de amor e uma expiração de tudo o que tiver de ruim aí dentro de você. E é assim que eu quero começar este novo capítulo, esta nova história, minha nova Vida. Renovando o que eu achei que já estava renovado. E quero renovar tudo a todo momento. Inspirar amor. Expirar tudo o que não faz bem.” Não imaginamos o quanto você se esforça todos os dias para que isto seja real, mas preciosidade, você é assim. Não há pensamentos relativos à você que não nos traga uma risada. Engraçada, risonha, sincera, companheira, agitada (elétrica é a palavra mais cabível), sonhadora, inteligente, questionadora e tão disposta a fazer o bem, a espalhar alegria e amor. Este é o seu maior legado.

A você, aos portadores de Fibrose, a todos os familiares e amigos que juntos enfrentam todas as dores como se fossem em seu próprio corpo, a todas estas Pessoas de Fibra (expressão que você criou e exprime a força que vocês possuem), desejo a vocês todo o amor do mundo e a confiança que não estão sozinhos. Deixo aqui a música, que na minha humilde opinião, representa o tão inspirador Grupo Unidos pela Vida.

Vero, “só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você. Só enquanto eu respirar”


Beijo grande

Kézia e Fer

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Lupita

Ah, Lupita....
Como não escrever iniciando com um suspiro, se é dela que vamos falar?

Lupita é uma bela morena de olhos amendoados e cheios de paixão. Nasceu na cidade de Morelia, e já moça mudou-se para Cidade do México.

Hiperativa, Lupita gosta de ser alguém multi afazeres: atleta, leitora, escritora, amiga, festeira, filha, muitas vezes psicóloga e até atriz. Tem um humor sarcástico e piadista e por muitas vezes se torna o centro de uma mesa ou roda de conversa. Com ela não há tempo ruim não. Mas apesar deste temperamento ácido e cheio de graça, Lupita é uma moça tímida, confiável, romântica e cheia de sonhos. De pensamento rápido, Lupita nunca dá uma resposta sem sentido e sem graça. Adora o mundo da teoria e suas devidas confabulações.

Quem conhece mais a fundo, sabe como ela é sentimental. Ela também tem consciência disso. Por isso, prefere se preservar à ter que viver um novo amor. Gosta muitas vezes de banalizar este sentimento, mas é tudo da boca pra fora. Mas a verdade é que por muito tempo Lupita espera (e merece) um grande amor.

Ela é grande amiga de
Miranda. Acho que não preciso comentar que as duas juntas, são como queijo e goiabada, apesar das grandes diferenças; Mas as duas se dão muito bem e é inevitável que sejam sempre vistas juntas e "se acabando de rir" de alguma coisa. Sim, Lupita é risonha. Esta é uma característica sua boa de se presenciar. Sua risada é boa de se ouvir e compartilhar.

Mas nem tudo é só sorrisos na vida de Lupita.
Não, isto aqui é vida mexicana real. Ela já sofreu sim. Por Javier.

Javier era um cavalheiro simpático que Lupita conheceu através de um correspondente de cartas (comum no México) e desde então, eles se correspondiam diariamente, um comentando sobre sua própria vida. Entre cartas recebidas e enviadas, surgiram alguns encontros e jantares. Foi daí que o moço simpático tornou-se misterioso o bastante para envolver Lupita num sentimento doloroso e pesado.

As cartas de Javier começaram a não ser mais recebidas diariamente (como de costume) e passaram a ser recebidas a cada dois, três dias. Houve uma pausa de mais de uma semana entre uma carta e outra. Em uma de suas últimas cartas, chegou a notícia que Javier mudaria-se para Guadalajara. Aquela notícia na carta chegou como uma bomba nas mãos de Lupita. Às lágrimas e muito consciente do que deveria fazer, ligou para a amiga Miranda e disse que era chegada a hora de enterrar Javier de seus pensamentos. Como dito, saíram juntas para celebrar a morte de Javier nos pensamentos de Lupita (celebrar a morte é comum no México).

Mas esquecer de uma hora pra outra?
Isso não existe.

Lupita sofreu dia após dia; Não renegou este sentimento em nenhum momento, muito pelo contrario - tornou-se aliada da dor e amargou até o dia em que percebeu que deveria dar a volta por cima.
Escreveu uma carta com poucas palavras, mas que para ela valia muito:

"Javier,


Espero que haya hecho la mejor elección de tu vida.
Le deseo buena suerte en Guadalajara.

Que se mantenga siempre con usted, toda conciencia de sus logros.
Hasta que un día,


Lupita."

Tradução: Javier, espero que tenhas feito a melhor escolha da tua vida. Desejo-te boa sorte em Guadalajara. Que tenha sempre contigo a consciência de todos os teus feitos. Até um dia, Lupita.

Enviou a carta prontamente, e em seguida queimou todas as correspondências trocadas com Javier. Junto com aquelas cartas, ela fez questão de queimar todas as lembranças e vestígios daquele rapaz, que tão misteriosamente envolvente, machucou o puro e nobre coração de Lupita.


Um único sentimento lhe restara: Gratidão. Por ter aberto seus olhos para vida. Sim, ela peregrinara a tempos esse sentimento de luto. Não estava feliz, lógico. Mas sua mente estava serena e coração tranquilo.

Mas recomeçar era preciso.

Recolheu as cinzas das cartas, jogou-as no lixo; Foi prontamente ao telefone e marcou hora no salão de beleza. Deu aos longos cabelos um corte leve, moderno e bonito. Começou a refazer alguns contatos, começou a reencontrar os amigos, sair a noite, conhecer pessoas novas, ter o que fazer. Vida que seguia.
E o meses passaram.

Claro que no íntimo Lupita continuava com as marcas daquele sentimento fulminante, mas era preciso saber lidar com aquilo. O apoio dos amigos não lhe faltou. Nesses reencontros que a vida traz, entre eles lhe surgiu um antigo afeto, um novo afeto... boas histórias, mas apenas histórias. Contaremos aqui, as mais belas histórias que acometem a nossa radiante Lupita.

A que será contada vale a pena ser lida.

Lupita e El Bravo

Em uma dessas noites, junto com Miranda e outros colegas, ela ouviu falar sobre Juán, el bravo através de uma amiga em comum. Pelo que essa amiga contava, ele mais parecia um cavaleiro errante viajando em terrenos desconhecido em busca de novas aventuras. Aquilo de certo modo a impressionou um pouco (para Lupita, tudo tem que ter um toque de magia, de encantamento e Juán trazia esta sensação) e ela gostou muito de saber de algumas histórias de Juán, o bravo, que na verdade era toureiro e vivia a vida em busca de grandes emoções.

O tempo passava continuamente e Lupita parecia interessada em saber um pouco mais sobre Juán. Viu algumas fotos e mais algumas histórias, conheceu gente que conhecia ele. O grande ponto em comum entre eles, era a dor de ter gostado de alguém que não valia a pena - sim, Juán também andava sofrendo. Isto era acaso ou destino?

O tempo passou e Lupita sossegou o coração ao que se referia sobre Juán. Uma data tradicional no México se aproximava (Dia de Guadalupe), onde muitos festejos acontecem nesta época. Lupita e seus amigos estavam em uma dessas festividades com muita dança, bebidas e comidas.

Era um ambiente iluminado, com luzes de todas as cores e formatos, cheio de gente feliz e disposta a comemorar aquela data. Lupita voltou-se para o céu, lindo e estrelado que só embelezavam mais ainda aquela noite encantada. Suspirou por não ter um amor ali ao seu lado. Seu olhar foi se voltando para as luzinhas coloridas, depois para as pessoas em sua volta até que começou a olhar ao seu redor. Quando virou-se para trás....
(...)

Claro que havia muita gente. Claro que o fato de ter olhado para trás fora mero acaso, mas ela viu. Viu nítidamente, mas de uma maneira tão clara que ela até sentiu que um caminho livre fora criado entre eles.

Era um moreno. Alto, olhar penetrante e sorriso largo, de porte elegante e ameaçador. Um típico toureiro - devidamente vestido, inclusive. Não restavam dúvidas. Era ele, Juán,
El bravo.

Num movimento involuntário Lupita virou-se de costas para ele e pôs as mãos no coração, numa tentativa de controlá-lo e manter-se impassível. Miranda, que estava ao seu lado segurando a inseparável taça borbulhante, perguntou-lhe de imediato:


- ¿ Que pasa, Lupi?
- Mira detrás de nós, Mi.
- O que há detrás de nós?
- Juan, El Bravo.

Miranda virou-se e o avistou. Sim, era ele, não restava dúvidas. Conhecendo a amiga que tem, não hesitou em dizer-lhe o que estava se passando. Juán estava olhando para Lupita.

- Ele está en tua Mira, Lupi. Por que razón tu no miras también?

Miranda voltou-se para os amigos mas não deixava de olhar para a amiga Lupita. Sim, ele havia olhado para Lupita. Nada mais nada menos do que Juan El Bravo, o toureiro mais "guapo" de toda a cidade do México.

Lupita estava tão atônita com a situação que não havia se refeito ainda. Miranda ofereceu-lhe uma bebida borbulhante e gelada, prometendo trazer coragem depois do primeiro gole.

Lupita aceitou a bebida e ficou comentou com Miranda quão "guapo" era aquele Hombre. Sim, como numa flechada ela se sentia encantada com ele. Juan, El Bravo. Aquele apelido lhe caía perfeitamente.

Miranda ouve tudo o que ela diz. Depois pede apenas para que tome a bebida. Lupita toma e sim - aquilo lhe traz uma coragem incomum. Uma coragem que a faz virar-se para olhar mais uma vez para Juán.

Javier, quem era Javier, neste épico momento?

Lupita ao virar-se, encontra únicamente os olhos penetrantes de Juán. Aquele moreno de sorrisos largos e vestido de toureiro. Ele está com a lança de toureiro na mão direita e com seu chapéu na esquerda. O olhar deles se encontraram e Lupita o encarou, respirando fundo. Ele manuseou o chapéu, como se a cumprimentasse. Não se ouvia mais a música, nem se sentia toda a turbulência dos movimentos das pessoas em volta. Nada mais existia a não ser Juán e Lupita.

Naquele momento tudo paralisou.
Assim como esta história.



Fernanda.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Essa Curitiba...

Eu não sou curitibana. Cresci no nortão do Paraná, em Santo Antônio da Platina, cidade que eu amo demais mesmo andando por ruas desertas ouvindo música sertaneja, esquentas no posto de gasolina e frequentando a Ice desde os 13 anos.

Cheguei em Curitiba em 2003 e peguei amor por este lugar. Para mim, a cidade possui um poder de persuasão impressionante. Mesmo um (coloquem aqui o nome de um povo muito sociável), depois de 2 meses em Curitiba, não faz uma visita sem ligar antes e avisar. E curitibanos podem ser identificados em qualquer lugar do mundo. Verdade. Se você estiver na Suíça e encontrar um cidadão segurando a embalagem de chocolate até encontrar uma lixeira, pode ter certeza: é curitibano.

Curitibano sabe que é coerente sair de casa levando um casaco mesmo em dias de sol de rachar mamona. Que nunca, em hipótese alguma, deve-se deixar o guarda-chuva em casa. Que nem assalto, nem a poluição do rio Belém, nem o engarrafamento da Avenida Batel num sábado a noite, nada, exatamente nada é tão apavorante quanto a aranha-marrom.

Uma cidade em que o inverno dura mais ou menos até novembro e que a chuva sempre cai na hora de sair do trabalho. Em que as pessoas falam sinaleiro, vina e penal. Onde as gurias não falam com estranhos. Os piás do underground vão ao Largo e ficam cozidos com tubão. A cidade do ligeirinho, dos táxis laranjados, da Jardineira, da feirinha do Largo, do Atletiba, do Barigüi, do leitE quentE, de classificar todo imigrante loiro como polaco, de usar o subjuntivo e de não dar a vez no trânsito. A cidade de caminhar no parque aos domingos, do chineque, de ficar de cara com as 4 estações no mesmo dia. Cidade que você chega e não querer ir embora. Aooo lugar bom (não contém ironia).

EscutE, tem como não amar esta cidade?

Ahhh essa Curitiba!


Beijo grande

Kézia – uma platinense apaixonada por Curitiba

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

BOPE – A história de um tenente

Carta do Tenente Fábio à correspondente Kézia

Após ler a sua última coluna, percebi que nem tudo ficou claro. Eu sou tenente Fábio. Tudo na vida tem um começo e o meu foi assim:

Comecei no batalhão convencional como aspirante. Lembro do meu primeiro dia de trabalho. Porra, aquilo me impressionou pra caralho. Eu acreditei naquela conversa mole de sempre. Depois de tanto tempo corrompido, eu acreditava em qualquer coisa. Queria ação. Invadir morro. Carregar corpo. Eu era pegador de coração. Mas agia antes de pensar. Sem estratégia a missão não tem sentido. E eu aprendi isso da pior forma possível: no meio do tiroteio.

A primeira operação foi invadir o morro da Awake. Quem é que não gosta de se dar bem com mulher bonita e bem intencionada na balada? Só que os pegadores convencionais não são treinados pra guerra. Pegador tem enrosco. Tem medo de perder. Não sabe abordar. E o pior, não sabe administrar. Ninguém quer morrer à toa. E quando um convencional sobe o morro, geralmente dá merda. Eu tava cercado. É na hora da morte que a gente entende a vida. Foi ali que a minha história cruzou com a do BOPE. A tropa de elite dos pegadores. O Capitão Lopes era ligeiro. Com um tiro de fuzil já passou uma raposa. Chegou intimando meu pelotão: “Alguns dos senhores está ferido? Algum dos senhores está baleado? Então hoje os senhores vão aprender a carregar corpos.” Cara, eu tive certeza: o meu lugar não era no batalhão comum. Eu precisava daquela farda preta.

Eu decidi entrar pro BOPE porque eu gostava de guerra. O que eu não sabia era que perto do BOPE os convencionais eram umas moças.

O treinamento era coisa de louco. “Os senhores chegaram até aqui pelas suas próprias pernas, ninguém, absolutamente ninguém os convidou e nenhum dos senhores é bem vindo aqui. Preparem as suas almas, porque os seus corpos já nos pertencem, eu declaro aberto o primeiro curso de formação do Batalhão de Operações dos Pegadores Especiais. Caveiras, avançar.” Aquilo era uma seita.

A primeira fase do curso é só porrada. O objetivo é eliminar os fracos, principalmente os corruptos. Prova disso é o Galeb. O cara tava acostumado com moleza. Vagabundo. Vivia na rebarba dos outros soldados.

Capitão Lopes (à direita) e Galeb durante o curso de formação.

O cara não aguentou a pressão.

No final do curso ficaram 4 e eu era um deles. A máquina de guerra que a gente formou mudou a história dessa cidade. Só que o mapa do crime em todo estado começou a sair do controle. Eu não sei o que me irritava mais: as mulheres fortemente armadas e sozinhas ou a incompetência dos pegadores convencionais. Então o BOPE precisou aumentar suas equipes táticas e atender todo Paraná. E missão dada, é missão cumprida. Eu ia subir armado, parceiro, e de farda preta. Agora a gente operava de blindado, de helicóptero. Invadimos a Awake, Black Bull pelo fumódromo, Guaratuba (quando comecei a operar na mesma equipe do Tenente Marcos). E foi só em Maringá que o Borges entrou pro Batalhão. Daí é aquela, o Capitão precisava assumir a Secretaria e deixar alguém digno no seu lugar, e assim o Borges assumiu o Comando.

Parecia que tava tudo resolvido. Mas o Borges começou a se ocupar de outras atividades. Parceiro, o que me deixava puto era ele não perceber que um cara do BOPE não é como os outros. Tem que ter dedicação total. Então continuei a minha guerra no BOPE, assumindo as missões que o Borges não comparecia. Era hora de eu assumir o controle da parada. Era a minha vez de ser o 01. Eu vou fazer o que o destino me permitiu. Vou cair para dentro e os alvos serão muitos. Neste final de semana parto pra uma missão de vingança em Maringá. Faca na caveira e muito na carteira. E dessa vez, parceiro, aquela raposa conhecer o saco. Segunda-feira é só história pra contar.


Nota da correspondente: BOPE dando entrevista... sabe o que é isso, Capitão? Passos larrrgos.