terça-feira, 19 de outubro de 2010

Day, a diva

Estamos sentados à mesa e uma mariposa insiste em ficar por ali. Voa baixo. Desafiante com aquela falta de cor nas asas. Aqui do meu lado, ela observa por uns 8 segundos. Sem dizer uma palavra, levanta-se e pega aquele inseto com as mãos, o arremessa para longe e volta a sentar com um sorrisão. Ah, uma diva!

Mas ela é assim. E deixa isso claro a noite toda. O guardanapo acabou. Ela levanta e sabe onde tem. Não tem mais cerveja. Ela volta com outra direto do balcão. O que é isso que você está bebendo? Quer experimentar? Quero. Ela enfia a mão no balde de gelo, pega duas pedras, joga dentro do copo e mistura tudo com o canudo verde. Vai, agora bebe. Diva! Quem é o garçom? O Vitor. Eu só queria saber onde ele está. Mas claro que ela sabe o nome. Ela o abraça e chama pelo apelido. Ela some e pode estar na cozinha elogiando os cozinheiros. Assim como ela faz com o dono. A mulher do dono. O irmão do dono. O cara da banda. O baixista de outra banda. O vocalista que participou de um programa de TV. “Eu conheço uma menina que sai todo dia pelos bares da cidade à procura de diversão”. Sim, é a sua música mesmo! E ela dá o primeiro rodopio. Sentirei saudades dos rodopios. Dos exageros. Dos superlativos. Dos abraços apertados. Dos segredos que ela não consegue guardar.

E aqui nesta mesa que não para de aumentar, ela quer abraçar e conversar com todos. Às vezes ela senta, enxuga umas lágrimas que chegaram sem aviso e isso me corta o coração. Ela disse que era uma comemoração. Um novo começo. Mais um de tantos que ela teve. Essa guria de pernas enormes está acostumada a começar tudo do zero. O tempo todo. E eu queria garantir que desta vez as coisas ficariam ótimas depressa, que ela não precisaria esperar muito. Peguei na estante o meu livro preferido, fiz rápido uma dedicatória para não mudar de ideia e levei como seguro-final-feliz. Bem propício para um começo.

Hoje é dia de escolher o enredo. Redefinir personagens. Construir outras histórias. Não é possível saber como termina este capítulo. Nem quando começa um outro. Por mais curiosidade que o final possa trazer, o que importa mesmo é viver tudo devagar (ou seria com muita pressa?). Aproveitar até o último restinho de vida. Por enquanto temos apenas esta noite que ela quer ver virar dia. Muito bem, minha querida, porque, como tudo na vida, não há noite que dure para sempre.


Beijo bem grande e muitos abraços cheios de saudade

Kézia

_________

Atualizando: ela me disse que lavou as mãos depois da mariposa e o gelo estava livre de resquícios de asinha (e eu que nem associei nada disso... )

Atualizando 2: E aconteceu que a alegria veio pela manhã e a Day está voltando. Day, querida, arrasa!


6 comentários:

Carol disse...

Lindo, lindo, lindo!

Concordo, a alegria pode reluzir pela manhã!

Um beijão

Fabi Skrobot disse...

Oiê!
Adoro ler teus textos e cada dia me convenço mais que é feliz quem pode te chamar te amiga...
Beijos

Ana Banana disse...

O blog está cada vez melhor, lindo texto.
Ah eu também tenho uma amiga diva.

Beijos

Anônimo disse...

Kézia querida...

Muito obrigada por me fazer lembrar esse dia com tantos detalhes, tanta emoção e tanto carinho.
Realmente foi o fechamento de um ciclo, mais um de tantos na minha vida.

Realmente você é maravilhosa ao escrever, encontrou a válvula de escape perfeita, eu não me descreveria com tanta perfeição.

Sou assim mesmo!

Mariposa me incomodando? Matar o bichinho? NÃO! Continuar assim o resto da noite? Também não! Pego e jogo pela janela! Ela continua sua vida e eu curto minha noite tranqüila!

Pegador de gelo... aaafff... Não tenho paciência! Aquela coisinha delicada para se pegar pedrinha por pedrinha não é pra mim. Pego com a mão, com a mão cheia, como tudo na minha vida... Sou “gulosa”! E que fique bem claro que eu lavei a mão de mariposa pra pegar o gelo tá! rsrs

O nome do garçom? É a primeira coisa que pergunto. Gosto de tratar a todos como iguais, assim como espero que me tratem. Se a comida é boa, elogio o cozinheiro. Se o atendimento é bom, elogio o gerente. E se o bar é bom, elogio o dono. Acho que precisamos mais disso nos dias de hoje.

Meus abraços apertados... pois é... sou grande, forte, gosto de contato e não escondo o que sinto, o problema é quando eu não gosto de alguém (aiaiai), não é toa que alguns me chamam de “MÔNICA”, definitivamente esse apelido combina comigo! rsrs

Só você mesmo minha amiga querida e amada para me descrever com tamanha destreza!

Mais uma vez obrigada!

Day

Blog Sozinha ou Acompanhada disse...

Querida Kézia,

Ah vou ter que ir pra Curitiba conhecer esse povo que cada vez mais me identifico e quando que vcs vão dar um pulinho aqui em Sampa????
Obrigada pelo carinho de sempre no nosso blog!
E ter amigas Divas é o máximo né! No fundo todas nós mulheres temos um pouco de Diva!
beijocas,
Mari

Ácidas e Doces disse...

Mari, faz tempo que falando que vou pra São Paulo e depois dou pra trás. Teeeeeeempo.
Mas se pensar em vir pra cá, não pense duas vezes.
Beijo meninas maravilhosas tão divas quanto a Day.
Saudade, Day, muita!!