quinta-feira, 24 de junho de 2010

Miranda

Hoje vocês irão conhecer Miranda. Ela é um personagem criado por mim (Fernanda) e será figurinha fácil de achar aqui. Vez ou outra contarei histórias dela. espero que gostem!



Miranda é uma amiga antiga que conheço, e muito bem.

Nasceu no México e tem muito orgulho disso. De beleza típica, tem olhos negros e marcantes, cabelos escuros e compridos. Estes, vão até a cintura. Tem um corpo magro, de baixa estatura. De sorriso fácil e gestos delicados, Miranda a primeira vista encanta qualquer pessoa pela educação e gentileza.

Mas só a primeira vista.

Miranda Valdéz é conhecida pela sua petulância, opiniões polêmicas, pelos seus pensamentos malcriados, caráter duvidoso, personalidade inflexível e dramática e seu comportamento tirano. Há quem diga que tudo que Miranda é nada mais seja do que puro teatro, que não é possível que alguém tão bem nascida e criada tenha um temperamento como o que ela possui. O fato é que, desde que conheci Miranda ela é tudo isso mesmo. Lógico que possui qualidades como todo ser humano. Mas esses adjetivos de Miranda são vividos intensamente e na maior parte do tempo.

Vaidosa, usa bem o dinheiro milionário que a família possui. Compra muitas roupas, perfumes, sapatos, bolsas e badulaques. Tudo de grife, sempre o último grito da moda. Sempre é vista com roupas que serão “tendência” na próxima estação. Gosta de cores vivas, estampas grandes, penduricalhos. Opta sempre pelo “demais” e é difícil vê-la numa roupa discreta. Adora excessos e esbanjamento, muito e sempre. Falando em esbanjar, (verbo preferido dela) é muito fácil vê-la fechando baladas e bares em prol de suas badalações. Ao ver uma limusine branca parada em algum bar na cidade do México, pode dar meia volta e procurar outro lugar. Por que Miranda está dando alguma festa quentíssima, e não, você não vai conseguir entrar.

Apesar de toda essa sensação que Miranda causa e de todo o “destempero” que ela possui, ela tem bons e fiéis amigos. Miranda é uma boa amiga, atenciosa e muito carinhosa. E é fácil sentir se você faz parte do hall de amigos dela: se durante um devaneio, ela te der um e sorriso de canto de boca e arquear a sobrancelha direita... É o sinal. Sinal de que vem uma idéia absurdamente típica dela, e que ela vai querer executar com os amigos dela. E não adianta dizer não, porque a idéia já está formada, já está idealizada e ela vai querer fazer agora. E não adianta dizer não, porque daí ela solta sua veia dramática, e confesso que esse seu lado peculiar é até engraçado. Acho que isso acaba tornando-a numa companhia unicamente maravilhosa.

Seus grandes amigos são Lupita, Leon e Carlito.
Lupita é uma moça romântica e engraçada, de ótimo caráter. Leon é prudente e criativo e Carlito é um conquistador barato. Juntos, formam um quadrado sólido e fiel de amizade. Estão sempre juntos.

Falando em amigos, preciso também falar dos “desafetos”. Diferente do que se pensa, ela não tem muitos desafetos, não. Ela até poderia ter tido muitos, (Ou ainda os tem, não sei) mas deixaram de existir depois de Ramirez, que foi durante um tempo, seu grande e melhor amigo.

Falar de Ramirez é fácil: Pessoa simples e de bom coração, racional e meio nerd. Bem quieto (se comparado a Miranda), desastrado, desengonçado e sem muito jeito com as mulheres. Fisicamente, como todo mexicano, tem baixa estatura, cabelos escuros e barriga saliente. Usa óculos (que geralmente está arranhado, riscado ou quebrado). Quando falei em desastrado, não estava mentindo. Quando não entende algo que foi dito, (o que ocorre facilmente) faz bico e franze a testa. Miranda chamava carinhosamente de “face del interrogación”, o que ele acabava achando engraçado.

A amizade divertida e bem humorada deu lugar a uma implicância inimaginável. Sinceramente não sei exatamente o que aconteceu. Pelo pouco que sei, eles discutiram por causa do jeito dela. Lembra do “comportamento tirano?” pois bem, ele que a adjetivou. Magoada e extremamente irritada, Miranda o expulsou de seu circulo de amigos, da sua agenda de celular, da sua vida. Não quis mais saber dele. Ramirez, por sua vez, acabou se excluindo de tudo por opção, até dos demais amigos.

Hoje em dia, Miranda vez ou outra o cita em algumas situações, mas com aquele ar de deboche, gozação e destempero típico dela. Quanto a Ramirez, pouco se sabe. Vez ou outra é visto, mas nada mais se sabe sobre ele.

E é neste ponto, que a história começa.

O velório

Miranda estava em casa e havia acordado cansada. A festa de ontem fora incrível, regada com champanhe e morangos, uma verdadeira delícia. Levantou-se calmamente e foi até a sacada de seu quarto e lentamente abriu as cortinas . o dia estava lindo e brilhante, mas ofuscada pelo sol, preferiu fecha-las novamente e voltou correndo para sua cama e enrolando-se com suas cobertas francesas de cetim branco. Resolveu chamar alguma das empregadas por telefone.
- Traga meu café na cama por gentileza, Francesca - pediu, de olhos ainda fechados.
- Bom dia, senhorita. Aqui é Matilde, e já são 15 horas.
- não me interessa! – respondeu irritada. Pra mim você é Francesca e eu quero um café da manhã, oras! E vê também uma massagista, para agora! Estou muito cansada! – e desligou de imediato o telefone, causando alvoroço geral em toda a equipe de empregados da casa.

Alguns minutos depois o café chegou e ela não comeu quase nada. Antes que Matilde saísse do seu quarto, Miranda questionou:
- e minha massagista, Francesca? Que horas chega?
- daqui há uma hora, senhorita.
- tudo bem. Leve este café, não quero mais nada.

Exatamente como o previsto, a massagista chegou. Miranda não falou muito, apenas das dores que estava sentindo nas costas e pediu uma massagem relaxante.

A massagem era tão boa que Miranda pegou no sono. Se não fosse o celular tocando, ela não teria acordado tão cedo.
- quem me interrompe? – atende Miranda, irritada.
- É teu papai querida. Preciso falar contigo.
- Desculpe papai. Não sabia que era você. Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu, meu bem. Mas antes de te contar, estás sentada?
Miranda, que até então estava relaxada ficou em estado de prontidão. Pediu com gestos que a massagista parasse e falou, preocupada
- Ande, papai! Me conte o que aconteceu!
- Miranda querida.... bem... seu amigo...
- amigo? Que amigo? O que aconteceu, papai? Quer me matar do coração? – falou em tom de desespero.
- Teu amigo Ramirez, meu bem... – e o pai de Miranda não conseguia terminar a frase.
- Ramirez? Meu amigo? Ora papai.... Me liga pra falar de Ramirez? Ora Ramirez não significa nada em minha vida.... estou aqui super preocupada enquanto vens me falar dele!
A frase de Miranda fora interrompida pela frase crucial:
- Ramirez Morreu, Miranda!
Miranda ao ouvir a frase, paralisou. Por instantes ficou em silêncio. Nada conseguiu pronunciar. Juntou suas forças e perguntou balbuciando:
-Morreu?
- sim, meu bem. Ramirez morreu esta tarde, enquanto trabalhava. Pouco se sabe ainda. Soube através de seu pai, o qual encontrei a caminho do hospital.

Miranda calou-se por instantes. Desligou o telefone sem se despedir do seu pai e dispensou a massagista. Trancou-se no quarto e seguiu até a janela, abrindo apenas uma fresta na cortina. Olhou o dia, que estava lindo. Lembrou-se de momentos divertidos ao lado de Ramirez, e sentiu um aperto em seu peito.

A tarde caiu rapidamente, dando lugar a uma noite enluarada, com céu limpo e estrelado. Um flash dos últimos momentos ao lado dele não tinham sido nada agradáveis. Uma discussão voraz, decepção, angústia e raiva. Lembrou-se também da festa que fez em comemoração ao fim da amizade com Ramirez, onde no auge do evento encheu sua taça com o melhor champanhe e bradou:
- Um brinde a Ramirez!

As lembranças acabaram por fazer Miranda pronunciar a frase novamente, o que a fez desejar por uma despedida de Ramirez, a sua maneira.
Concluiu também que sentimentos como o que a antiga amizade carregava eram muito suaves. O que tinha com Ramirez era uma relação odiosa. E estes sentimentos sim, esses eram fortes e iriam ser exaltados em despedida.

Ir a um bar se despedir do morto, é comum no México. Mas Miranda queria mais, muito mais do que isso. Uma simples garrafa de tequila não bastava para ela.

Ligou para seus melhores amigos, pois sabiam que eles não iriam recusar. Lupita achou importante estar com a amiga nesse momento (achava de coração que Miranda estava com remorso devido as discussões enquanto ele era vivo), Leon e Carlito que já estavam a caminho à casa de Miranda, também aceitaram.

Miranda respirou fundo e foi tomar um banho. Ao sair, passou em seu guarda roupa e escolheu um visual que expressava seu sentimento. Escolheu uma calça legging, corpete de couro e renda, brincos enormes e um sapato de salto alto. Pôs também um par de luvas que cobriam todo o antebraço. Tudo preto, incluindo a maquiagem, que por sinal estava forte e carregada. Antes de descer, pegou um chapéu.

Estava terminando de se arrumar quando Lupita chegou. Os amigos nem subiram no quarto, pois não sabiam o que esperavam, preferindo ficar na sala mesmo. Veio de cima. Miranda desceu as escadarias de sua casa deslumbrante e exótica. Parecia uma viúva moderna, com aquele chapéu imenso e o rosto coberto por uma renda negra. Na mão uma bolsa pequena, junto com uma rosa seca.

Lupita foi em direção a amiga. Sentia q ela precisava de ajuda. Leon achou Miranda linda e estonteante. Carlito abraçou a amiga e elogiou seu perfume.
- Estou bem, queridos. Mas vamos, vamos homenagear Ramirez! E a voz firme e impactante de Miranda aliviou os amigos, que por um momento imaginaram q ela estaria arrependida
- estás bem, minha amiga? – perguntou Lupita, apreensiva,
- estou sim, Lu. Claro que não desejava que isso acontecesse. Mas aconteceu e faz parte. Vamos celebrar. Proponho uns drinques aqui em casa, até umas 23:00, hora em que os melhores locais já estarão abertos. O que acham?
- acho ótimo, Mi. Vamos aproveitar os drinks e conversar sobre esse acontecido... – propôs Lupita.

Eram exatamente 23:12 quando os quatro seguiram à limusine de Miranda – que não quis sair com sua tradicional limusine branca. Veio uma preta, para combinar com seu luto. Dentro, uma garrafa de champagne e uma de tequila já aguardavam para o brinde dos quatro. Já dentro da limusine, Miranda pediu ao motorista que parasse na “Fuego”, balada conhecidíssima na cidade pelo seu alto requinte e glamour.

Ao chegarem na balada, não enfrentaram fila (como sempre) e entraram direto. Assim que chegaram na pista já encontraram diversos conhecidos, alguns que já sabiam da morte de Ramirez e outros que nem sabiam. Entre cumprimentos e comentários sobre aquele visual atípico de Miranda, tocou uma das músicas preferidas dela, “stereo Love”. Ao identificar a música, foi puxada pelo amigo Carlito em direção ao balcão do bar. Juntos, subiram no balcão e dançaram a música sensualmente, chamando a atenção de todos que estavam no bar. O garçom que já conhecia os dois, não fazia idéia do luto de Miranda. Apenas levou uma garrafa de destilado as mãos de Miranda, que quando a pegou encarou a garrafa, respirou fundo, ergueu a garrafa e falou aos amigos que lhe viam embaixo do balcão:
- Um brinde a Ramirez!
Todos levantaram seus copos, brindaram a Ramirez e tomaram suas bebidas. Miranda virou sua garrafa em vários goles. Se Carlito não tivesse baixado a garrafa de Miranda, não duvido que ela teria bebido tudo.

Carlito desceu do balcão, e a pegou no colo. Leon lembrou que já estava quase na hora do enterro de Ramirez, e propôs sair da balada. Todos concordaram. Na saída da balada e a espera da limusine, Lupita chegou perto da amiga e falou:
- Amiga, é agora. Você vai precisar ser forte.
- Estou bem, Lu. Gracias. Já não falava com Ramirez há muito tempo, não vou me sentir mal.

Durante o trajeto ao cemitério, o silêncio imperou na limusine. O que era sempre divertido (afinal muitas coisas aconteciam na limusine) se tornou fúnebre. Era como se o velório já tivesse começado. Ali mesmo.

Leon sentiu o peso daquele momento e apertou a mão da colega. Ela olhou pra ele e piscou o olho, o que dava a entender que estava tudo bem.

Chegaram ao cemitério e Miranda pediu para que o motorista parasse em frente, sem a necessidade de entrar. Preferia ir caminhando um pouco. Os amigos concordaram. Antes de descer, Miranda ajeitou seu chapéu com véu com ajuda da amiga Lupita. Saiu da limusine e antes de fechar a porta, pegou a rosa seca que havia esquecido no carro e uma taça de champanhe.

A noite enluarada e estrelada estava quente. Leon estava de braços dados com Lupita e Carlito estava ao lado deles e de Miranda. Mais a frente, Leon perguntou a uma senhora que passava, onde estava acontecendo o velório de Ramirez. Ela apontou para frente e eles puderam avistar a capela onde Ramirez estava sendo velado.
Era uma capela muito pequena, com algumas árvores secas em volta dela. As luzes da frente estavam apagadas, só a luz da lua a iluminada. Mesmo na penumbra, dava pra perceber que era velha e acinzentada. Por dentro, uma iluminação fraca e amarelada compunha o ambiente triste. Não se via flores ou faixas de despedida a não ser no caixão. Tudo muito simples e até meio sombrio.

Poucas pessoas estavam no velório dele, apenas familiares e uns 3 ou 4 amigos que lhe restaram.

Ao pisarem na capela, todos pararam para olhar para eles. Os amigos hesitaram em entrar num primeiro momento. Menos Miranda, que tomou a frente e em passos firmes que ficaram ecoando por alguns segundos. Todos paralisaram olhando para ela, enquanto ela caminhava de cabeça erguida naquele lugar.

Chegou até os pais de Ramirez, e apenas abraçou-os com ternura. Eles também pouco sabiam do rompimento da amizade dos dois, mas aquilo não importava no momento. Não falou nenhuma palavra, afinal nada precisava ser dito.

Miranda foi até o caixão, mas não conseguiu olhar para seu inimigo. Pôs a rosa seca em suas mãos entrelaçadas. Os amigos vieram em seguida e ficaram ao lado dela e olhando para ele, com certa dor.

Precisou de certa coragem naquele momento para poder encara-lo. Respirou fundo e o olhou no rosto dele. Ramirez parecia estar num sono leve e profundo.
Miranda teve mais um flash de lembranças, tanto boas quanto ruins. Um sentimento forte tomou conta dela. Dor, alívio, compaixão, ódio.... não se sabe.

Por dentro, Miranda sofre. Sofre porque em seu íntimo, não consegue aceitar que existe no mundo alguém tão parecido com ela, e que a conhecia tão bem. Então sua única saída era ignora-lo, detesta-lo, difama-lo.

Com sua morte, Miranda se vê sozinha. Pois, quem ela iria atirar pedras? Quem seria a única pessoa a qual ela pode despejar sua raiva, sua frustração, sua culpa por ser como ele?
Quem iria mesmo sendo ignorado, a compreender tão bem? Mesmo sendo desafeto, ele era a única pessoa que de certa forma, ela tinha.

Depois de encara-lo pela última vez, Miranda lembra que tem uma taça em suas mãos, e cheia. Olha para os amigos e fala:
- Um brinde a Ramirez!


E ergue sua taça borbulhante com os demais amigos. Após virar a taça, passa a mão em sua testa e fala-lhe baixinho:
- Adiós, face del interrogacíon!

Dá um beijo em sua testa e sai do velório cabisbaixa. Não, não existem lágrimas em seus olhos. No coração, sente o peso do remorso. Não de ser inimiga dele. Mas o remorso de não ter discutido arduamente com ele. Uma pena sua guerra ter sido sempre fria.

E saiu da capela, de cabeça erguida, juntamente com seus amigos. Ao sair de lá tentou ligar para seu motorista. Estava cansada, não queria andar mais. Queria muito ligar mas não conseguia. Uma mão insistente em seu ombro impedia de ligar.

Era a mão da massagista. Sim, da massagista que Miranda havia contratado para fazê-la relaxar.
- como assim? O que estou fazendo aqui? – se questionou ainda meio atordoada.
- senhorita, estou há uns cinco minutos tentando lhe acordar. Pressuponho que dessa forma, adorou minha massagem – explica a massagista.
Miranda ainda atordoada, senta-se na cama e pergunta:
- que horas são?
- são 17 hs e 45 minutos. Fiz uma massagem de aproximadamente uma hora e meia. Lembra-se? Cheguei 16:15 em seu quarto.

Miranda fica em silencio por alguns minutos. Em sua mente vieram: A ligação de seu pai, sua roupa preta, Carlito, Leon e Lupita, Stereo Love na Fuego, cemitério, velório, Ramirez num caixão. Nossa, eram muitas informações. Olhou desconfiada para sua massagista e perguntou novamente:
- meu papai me ligou alguma vez enquanto estávamos aqui?
A massagista respondeu:
- claro que não, senhorita. Ninguém ligou, assim como ninguém bateu a porta...

Miranda levantou-se, pagou a massagista e a dispensou. Foi até a janela acompanhar o por do sol, que estava ainda começando.

Sim, tudo havia sido um sonho. Um sonho que coroava a morte de Ramirez. E Miranda havia participado de seu velório. Aquilo havia lhe trazido algumas certezas que ela precisava ter.

Acho que todo ser humano, após uma ocorrência dessas, começa a repensar de maneira mais terna sobre quem quer que seja, diante de um sonho tão pesado.

Mas não estamos falando de uma pessoa qualquer, estamos falando de Miranda. Não podemos esquecer sua petulância, seus pensamentos malcriados, opiniões polêmicas, caráter duvidoso, personalidade inflexível e dramática e principalmente do seu comportamento tirano (como o próprio Ramirez a adjetivou).

Após o por do sol, Miranda deu um leve sorriso com a sobrancelha direita arqueada. Era o sinal de uma idéia absurdamente típica. Ligou para os amigos (aqueles amigos) e no momento em que cada um atendia, ouvia-se um sonoro e empolgado:

- Um brinde a Ramirez!

Um comentário:

Ácidas e Doces disse...

Amiga,
Vi Miranda. Eu até ouvi a voz da Miranda e sei que ela tem os cílios longos e olhar de acusação.

Um brinde a Ramirez!
Kézia