terça-feira, 16 de novembro de 2010

Lupita

Ah, Lupita....
Como não escrever iniciando com um suspiro, se é dela que vamos falar?

Lupita é uma bela morena de olhos amendoados e cheios de paixão. Nasceu na cidade de Morelia, e já moça mudou-se para Cidade do México.

Hiperativa, Lupita gosta de ser alguém multi afazeres: atleta, leitora, escritora, amiga, festeira, filha, muitas vezes psicóloga e até atriz. Tem um humor sarcástico e piadista e por muitas vezes se torna o centro de uma mesa ou roda de conversa. Com ela não há tempo ruim não. Mas apesar deste temperamento ácido e cheio de graça, Lupita é uma moça tímida, confiável, romântica e cheia de sonhos. De pensamento rápido, Lupita nunca dá uma resposta sem sentido e sem graça. Adora o mundo da teoria e suas devidas confabulações.

Quem conhece mais a fundo, sabe como ela é sentimental. Ela também tem consciência disso. Por isso, prefere se preservar à ter que viver um novo amor. Gosta muitas vezes de banalizar este sentimento, mas é tudo da boca pra fora. Mas a verdade é que por muito tempo Lupita espera (e merece) um grande amor.

Ela é grande amiga de
Miranda. Acho que não preciso comentar que as duas juntas, são como queijo e goiabada, apesar das grandes diferenças; Mas as duas se dão muito bem e é inevitável que sejam sempre vistas juntas e "se acabando de rir" de alguma coisa. Sim, Lupita é risonha. Esta é uma característica sua boa de se presenciar. Sua risada é boa de se ouvir e compartilhar.

Mas nem tudo é só sorrisos na vida de Lupita.
Não, isto aqui é vida mexicana real. Ela já sofreu sim. Por Javier.

Javier era um cavalheiro simpático que Lupita conheceu através de um correspondente de cartas (comum no México) e desde então, eles se correspondiam diariamente, um comentando sobre sua própria vida. Entre cartas recebidas e enviadas, surgiram alguns encontros e jantares. Foi daí que o moço simpático tornou-se misterioso o bastante para envolver Lupita num sentimento doloroso e pesado.

As cartas de Javier começaram a não ser mais recebidas diariamente (como de costume) e passaram a ser recebidas a cada dois, três dias. Houve uma pausa de mais de uma semana entre uma carta e outra. Em uma de suas últimas cartas, chegou a notícia que Javier mudaria-se para Guadalajara. Aquela notícia na carta chegou como uma bomba nas mãos de Lupita. Às lágrimas e muito consciente do que deveria fazer, ligou para a amiga Miranda e disse que era chegada a hora de enterrar Javier de seus pensamentos. Como dito, saíram juntas para celebrar a morte de Javier nos pensamentos de Lupita (celebrar a morte é comum no México).

Mas esquecer de uma hora pra outra?
Isso não existe.

Lupita sofreu dia após dia; Não renegou este sentimento em nenhum momento, muito pelo contrario - tornou-se aliada da dor e amargou até o dia em que percebeu que deveria dar a volta por cima.
Escreveu uma carta com poucas palavras, mas que para ela valia muito:

"Javier,


Espero que haya hecho la mejor elección de tu vida.
Le deseo buena suerte en Guadalajara.

Que se mantenga siempre con usted, toda conciencia de sus logros.
Hasta que un día,


Lupita."

Tradução: Javier, espero que tenhas feito a melhor escolha da tua vida. Desejo-te boa sorte em Guadalajara. Que tenha sempre contigo a consciência de todos os teus feitos. Até um dia, Lupita.

Enviou a carta prontamente, e em seguida queimou todas as correspondências trocadas com Javier. Junto com aquelas cartas, ela fez questão de queimar todas as lembranças e vestígios daquele rapaz, que tão misteriosamente envolvente, machucou o puro e nobre coração de Lupita.


Um único sentimento lhe restara: Gratidão. Por ter aberto seus olhos para vida. Sim, ela peregrinara a tempos esse sentimento de luto. Não estava feliz, lógico. Mas sua mente estava serena e coração tranquilo.

Mas recomeçar era preciso.

Recolheu as cinzas das cartas, jogou-as no lixo; Foi prontamente ao telefone e marcou hora no salão de beleza. Deu aos longos cabelos um corte leve, moderno e bonito. Começou a refazer alguns contatos, começou a reencontrar os amigos, sair a noite, conhecer pessoas novas, ter o que fazer. Vida que seguia.
E o meses passaram.

Claro que no íntimo Lupita continuava com as marcas daquele sentimento fulminante, mas era preciso saber lidar com aquilo. O apoio dos amigos não lhe faltou. Nesses reencontros que a vida traz, entre eles lhe surgiu um antigo afeto, um novo afeto... boas histórias, mas apenas histórias. Contaremos aqui, as mais belas histórias que acometem a nossa radiante Lupita.

A que será contada vale a pena ser lida.

Lupita e El Bravo

Em uma dessas noites, junto com Miranda e outros colegas, ela ouviu falar sobre Juán, el bravo através de uma amiga em comum. Pelo que essa amiga contava, ele mais parecia um cavaleiro errante viajando em terrenos desconhecido em busca de novas aventuras. Aquilo de certo modo a impressionou um pouco (para Lupita, tudo tem que ter um toque de magia, de encantamento e Juán trazia esta sensação) e ela gostou muito de saber de algumas histórias de Juán, o bravo, que na verdade era toureiro e vivia a vida em busca de grandes emoções.

O tempo passava continuamente e Lupita parecia interessada em saber um pouco mais sobre Juán. Viu algumas fotos e mais algumas histórias, conheceu gente que conhecia ele. O grande ponto em comum entre eles, era a dor de ter gostado de alguém que não valia a pena - sim, Juán também andava sofrendo. Isto era acaso ou destino?

O tempo passou e Lupita sossegou o coração ao que se referia sobre Juán. Uma data tradicional no México se aproximava (Dia de Guadalupe), onde muitos festejos acontecem nesta época. Lupita e seus amigos estavam em uma dessas festividades com muita dança, bebidas e comidas.

Era um ambiente iluminado, com luzes de todas as cores e formatos, cheio de gente feliz e disposta a comemorar aquela data. Lupita voltou-se para o céu, lindo e estrelado que só embelezavam mais ainda aquela noite encantada. Suspirou por não ter um amor ali ao seu lado. Seu olhar foi se voltando para as luzinhas coloridas, depois para as pessoas em sua volta até que começou a olhar ao seu redor. Quando virou-se para trás....
(...)

Claro que havia muita gente. Claro que o fato de ter olhado para trás fora mero acaso, mas ela viu. Viu nítidamente, mas de uma maneira tão clara que ela até sentiu que um caminho livre fora criado entre eles.

Era um moreno. Alto, olhar penetrante e sorriso largo, de porte elegante e ameaçador. Um típico toureiro - devidamente vestido, inclusive. Não restavam dúvidas. Era ele, Juán,
El bravo.

Num movimento involuntário Lupita virou-se de costas para ele e pôs as mãos no coração, numa tentativa de controlá-lo e manter-se impassível. Miranda, que estava ao seu lado segurando a inseparável taça borbulhante, perguntou-lhe de imediato:


- ¿ Que pasa, Lupi?
- Mira detrás de nós, Mi.
- O que há detrás de nós?
- Juan, El Bravo.

Miranda virou-se e o avistou. Sim, era ele, não restava dúvidas. Conhecendo a amiga que tem, não hesitou em dizer-lhe o que estava se passando. Juán estava olhando para Lupita.

- Ele está en tua Mira, Lupi. Por que razón tu no miras también?

Miranda voltou-se para os amigos mas não deixava de olhar para a amiga Lupita. Sim, ele havia olhado para Lupita. Nada mais nada menos do que Juan El Bravo, o toureiro mais "guapo" de toda a cidade do México.

Lupita estava tão atônita com a situação que não havia se refeito ainda. Miranda ofereceu-lhe uma bebida borbulhante e gelada, prometendo trazer coragem depois do primeiro gole.

Lupita aceitou a bebida e ficou comentou com Miranda quão "guapo" era aquele Hombre. Sim, como numa flechada ela se sentia encantada com ele. Juan, El Bravo. Aquele apelido lhe caía perfeitamente.

Miranda ouve tudo o que ela diz. Depois pede apenas para que tome a bebida. Lupita toma e sim - aquilo lhe traz uma coragem incomum. Uma coragem que a faz virar-se para olhar mais uma vez para Juán.

Javier, quem era Javier, neste épico momento?

Lupita ao virar-se, encontra únicamente os olhos penetrantes de Juán. Aquele moreno de sorrisos largos e vestido de toureiro. Ele está com a lança de toureiro na mão direita e com seu chapéu na esquerda. O olhar deles se encontraram e Lupita o encarou, respirando fundo. Ele manuseou o chapéu, como se a cumprimentasse. Não se ouvia mais a música, nem se sentia toda a turbulência dos movimentos das pessoas em volta. Nada mais existia a não ser Juán e Lupita.

Naquele momento tudo paralisou.
Assim como esta história.



Fernanda.

3 comentários:

Blog Sozinha ou Acompanhada disse...

Ah o amor...histórias a contar!
beijocas,
Mari

Ácidas e Doces disse...

Amei o texto. Muito. Gosto deste jeito visual que você escreve.
Lupita, que mocinha cativante.
To pra apostar que ela ouve Maná. Pra apostar.
Beijo
Kézia

nanda disse...

Vocês duas são escritoras?
Meus Deus!
Como as histórias são bonitas e cativantes...
Fico presa ao texto.
Muiiiiiiiito bom!
Estou meio Lupita hj...
Precisando de Juan, el toureiro...
Hahaha!
Beijocas!